Marcos Coimbra, o homem do Vox Populi, deveria é ser réu do mensalão, em vez de estar por aí “pousando” de pensador
Marcos Coimbra, ex-collorido, dono do Instituto Vox Populi, colunista da Carta Capital (aquela revista que só existe porque existem estatais) e sedizente cientista social, costuma posar (Emir Sader, seu colega de profissão, escreveria “pousar”) de grande pensador e estrategista da política. Em artigo recente, diz que o processo do mensalão não tem a menor importância […]
Marcos Coimbra, ex-collorido, dono do Instituto Vox Populi, colunista da Carta Capital (aquela revista que só existe porque existem estatais) e sedizente cientista social, costuma posar (Emir Sader, seu colega de profissão, escreveria “pousar”) de grande pensador e estrategista da política. Em artigo recente, diz que o processo do mensalão não tem a menor importância e que as pessoas estão ocupadas com outras coisas. Já esbocei aqui um comentário a respeito. Costuma ser notavelmente agressivo com os políticos de oposição de que discorda e notavelmente lhano com aqueles com os quais concorda — sabem como é, precisa manter um pé em cada canoa… Assim como migrou do collorismo para o petismo, pode, se preciso, pular para um barco tucano — desde que não seja o de São Paulo. Conseguiu tirar seu instituto da falência iminente produzindo pesquisas e números para o PT. Pois bem.
Vocês têm aqui a íntegra da primeira parte do voto do ministro Joaquim Barbosa, em que, opino eu, fica evidente a culpa dos réus de maneira acachapante mesmo. Dá vergonha até de ler. Essa primeira parte refere-se às relações promíscuas de empresas de Marcos Valério com o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), que era presidente da Câmara. Muito bem! Uma das estrelas do documento é ninguém menos do que Marcos Coimbra e seu, vá lá, instituto de pesquisas
Lendo dez páginas do voto de Barbosa, é de se perguntar por que o próprio Coimbra não é um dos réus do mensalão. Em vez disso, está por aí, “pousando” (né, Sader?), em certas áreas, de pensador respeitável. Ele tem a sua própria maquininha de difamação na Internet, já percebi, que espalha seus pensamentos e ofensas. Não ligo. Sei como enfrentar essa gente.
Ao pé deste post, reproduzo a imagem das 10 páginas. Se a leitura estiver difícil, basta clicar na imagem para ampliá-la. Vocês verão que João Paulo Cunha autorizou duas vezes a contratação do Instituto Vox Populi para fazer “pesquisas”. Só que essa contratação era feita por meio da SMP&B, empresa de Marcos Valério — que ficava com a comissão. Um contrato, de 10 de março de 2004, foi de R$ 347.730,60; o outro, datado de 29 de junho de 2004, de R$ 409.500,00.
Oficialmente, tratava-se pesquisas para avaliar a imagem da Câmara. É? Então vamos ver duas das perguntas feitas:
– “De uma maneira geral, você tem uma opinião positiva ou negativa sobre JOÃO PAULO CUNHA?”;
– “acreditam que o JOSÉ DIRCEU tem culpa no cartório no caso Waldomiro ou não?”
Entenderam? Isso tudo estava sendo pago com dinheiro público. E o Vox Pupuli com isso? E Marcos Coimbra? “Ah, eu fui contratado e pergunto o que mandarem; não tenho nada com isso”. É mesmo, é?
Então leiam este trecho do voto de Joaquim Barbosa:
“Colhe-se dos depoimentos constantes dos autos que o representante do Instituto Vox Populi, Sr. Márcio Coimbra, vinha se reunindo com os sócios da DNA Propaganda e da SMP&B Comunicação, senhores MARCOS VALÉRIO, CRISTIANO PAZ e RAMON HOLLERBACH, e ainda com o Sr. Luís Costa Pinto, assessor do Sr. JOÃO PAULO CUNHA, para, segundo alegam os próprios envolvidos, organizar um pool de empresas para as eleições municipais de 2004.”
Não só Marcos Coimbra sabia que tipo de serviço estava prestando como já participava de articulações para a eleição vindoura, operando em parceria com Marcos Valério e seus sócios. Reuniões foram marcadas em hotéis. O próprio João Paulo compareceu a uma delas. Transcrevo trecho do voto:
“O Sr. Luís Costa Pinto informou, também, que o acusado JOÃO PAULO CUNHA participou de uma dessas reuniões, no Hotel Pancetti, em São Paulo, com o objetivo de definir a estratégia do partido nas eleições municipais de 2004 (vol. 198, fls. 42.317/42.346).
O Sr. JOÃO PAULO CUNHA também admitiu sua presença na mencionada reunião (fls. 15.435), ao lado de MARCOS VALÉRIO, SÍLVIO PEREIRA e do tesoureiro do PT em São Paulo, Sr. Antônio dos Santos, realizada em outubro de 2003.”
É isso aí. Todos sabiam de tudo. Era uma ação coordenada, de olho nas eleições e na articulação de um partido, e o que os colocava em relação transitiva era o dinheiro público. Faltou muita gente à denúncia inicial do Ministério Público, não é mesmo? Eis Marcos Coimbra, o pensador. O voto de Barbosa deixa claro, entendo, que deveria ser um dos réus.
Abaixo, as páginas do voto de Barbosa que tratam do caso. Clique na imagem para ampliá-la.