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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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JORNALISMO – Eles querem gritaria, obscurantismo e censura. Nós queremos esclarecimento e a verdade

Nestes dias em que os comuno-fascistóides querem confundir a mensagem com o mensageiro, em que o jornalismo independente é alvo do ataque de chicaneiros e bucaneiros, refletir sobre os fundamentos e princípios da imprensa se transforma num cuidado com a própria democracia. Escrevi ontem um longo texto a respeito. Embora tivesse a certeza de que […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 09h03 - Publicado em 21 abr 2012, 07h35

Nestes dias em que os comuno-fascistóides querem confundir a mensagem com o mensageiro, em que o jornalismo independente é alvo do ataque de chicaneiros e bucaneiros, refletir sobre os fundamentos e princípios da imprensa se transforma num cuidado com a própria democracia.

Escrevi ontem um longo texto a respeito. Embora tivesse a certeza de que expressava os valores que sei vigentes na VEJA, não falava em nome da revista porque, obviamente, quem tem tal mandato é Eurípedes Alcântara, diretor de redação. E fiquei de escrever novos artigos a respeito, o que certamente farei.

Incorporando muito daquele texto e sem negar nada do que lá ia, Alcântara produziu um texto notável, mais amplo, com algumas situações que lá não estavam contempladas. Este, sim, fala em nome da VEJA. Trata de uma série de situações com as quais os jornalistas são confrontados todos os dias —  dilemas que remetem à ética de nossa profissão. E traz também as respostas — o encaminhamento dado por VEJA ou as reflexões existentes a respeito.

Os espadachins da reputação alheia — como Balzac se referia ao jornalismo chulé — querem gritaria, obscurantismo e, no limite, censura. Nós queremos esclarecimento e a verdade. E seguiremos nessa trilha.

Ainda que possa haver no texto um ou outro entendimento particular, fruto da cultura de uma redação — falo por hipótese, exercendo a dúvida decorosa —, estou certo de que são estes os princípios vigentes nas redações que levam o seu trabalho a sério e que têm como princípio a preservação do interesse público.

É um direito seu, leitor, saber como funciona o jornalismo que se preza e com quais princípios éticos atuam os jornalistas responsáveis. Seguem trechos do que passo a chamar “documento”, com link para a íntegra.

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Uma reflexão permanente

“A ética do jornalista não pode variar conforme a ética da fonte que está lhe dando informações. Entrevistar o Papa não nos faz santos. Ter um corrupto como informante não nos corrompe.”

VEJA nunca permitiu que suas páginas fossem usadas param outro fim que não a busca do interesse público. Sempre que uma denúncia é publicada alguém ganha e alguém perde. Um ministro cai, e outro ministro sobe. Um grupo político é prejudicado, e outro grupo político é beneficiado. São consequências normais da divulgação de fatos verdadeiros. Em nosso trabalho cotidiano, essas circunstâncias são tão naturais para nós que nos dispensamos de discuti-las. Mas temos que concordar que as pessoas não diretamente envolvidas em nosso trabalho possam, de boa-fé, não entender completamente a natureza do bom jornalismo que praticamos em VEJA. Refleti sobre nossos critérios, nossas relações com as fontes de informação, enfim, nossa missão jornalística. O resultado é o texto abaixo.

“O jornalismo é feito com fontes de informação. O jornalista não é pago para saber. É pago para descobrir. Por essa razão, as relações do jornalista com suas fontes merecem uma reflexão permanente.”

O jornalismo é feito com fontes de informação. O jornalista não é pago para saber. É pago para descobrir. Por essa razão, as relações do jornalista com suas fontes merecem uma reflexão permanente. Os profissionais de VEJA seguem as regras escritas da Editora Abril, cujo Código de Conduta estabelece: O jornalista da Abril não tem relação de trabalho com, nem presta serviço, ainda que eventual, para qualquer pessoa, empresa ou entidade que seja, ou possa a vir a ser, fonte de informação. A Abril jamais paga entrevistados por informação de nenhuma espécie, de forma direta ou indireta. Sempre que possível, o jornalista deve pagar por almoços e jantares com fontes ou seus representantes. Cabe ao profissional e a sua chefia imediata definir as situações em que a aplicação desta regra pode afetar o relacionamento com a fonte. “Posturas Éticas – Guia para Jornalistas e Produtores de Conteúdo do Grupo Abril – Complemento do Código de Conduta.”

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Em complemento ao Código de Conduta da Abril, a redação da VEJA, em seu Plano Editorial anual, reafirma que a “independência” é o maior valor de um jornalista da revista. Por independência, diz o Plano Editorial, entende-se que o repórter não aceita qualquer barganha editorial com as fontes em troca de informações. Em nosso cotidiano, embora seja uma regra não escrita, sempre avaliamos as informações que recebemos das fontes tendo como único metro o interesse público que se confunde com o interesse jornalístico. Isso significa que as inúmeras informações pitorescas ou de caráter pessoal, comportamental ou sexual de autoridades e governantes que nos chegam na forma de fotos, vídeos e gravações nunca são usadas por serem ofensivas e nada ajudarem na compreensão dos fatos públicos.
(…)
VEJA NUNCA PUBLICOU CONTEÚDOS DE GRAVAÇOES OBTIDAS ILEGALMENTE, PORTANTO O QUE SE SEGUE AQUI TEM O OBJETIVO APENAS DE REFLETIR SOBRE CERTOS LIMITES. Quem se favorece conscientemente do produto de furtos, roubos ou outros crimes é potencialmente cúmplice do autor. Por essa razão, o jornalista que eventualmente receber uma gravação obtida ilegalmente e usá-la em uma reportagem pode estar se expondo aos rigores da lei. Por essa razão, ele só deve dar esse passo arriscado quando o custo para a sociedade de desprezar o conteúdo da gravação for muito grande. Se o preço pessoal de evitar um crime ou uma sequência de crimes, dando publicidade a gravações ilegais, for incorrer em uma transgressão menor, o jornalista tem o dever de considerar correr esse risco.

Em VEJA, casos assim jamais são decididos individualmente por um jornalista, mas pela direção da revista. O trabalho jornalístico envolve vários riscos. Como qualquer trabalho. Do cirurgião, do advogado. Do engenheiro. Se ele tomar todos os cuidados, os riscos serão minimizados, mas jamais eliminados. A primeira preocupação de VEJA ao ter acesso a uma informação é entender como a informação foi obtida. Se a publicação do produto do crime tiver relevância para evitar crimes piores – e mesmo que isso ajude a vender revistas -, não se incorre em falha ética. Se um jornalista furtar da pasta de uma pessoa, por exemplo, um plano para explodir a represa de Itaipu e se, com a publicação do plano, ele evitar o ataque terrorista – e ainda vender mais revistas -, a implicação ética lhe será altamente favorável.

“O bom jornalismo é uma atividade de informação mediada. O jornalista não é um mero repassador de declarações. Ele tem o poder discricionário de não publicar uma acusação ou uma ofensa grave.”

As informações obtidas com a garantia de manter o sigilo da fonte trazem desafios adicionais ao jornalista. As informações obtidas de fontes anônimas, que não podem ou não querem se identificar, devem ser usadas preferencialmente como confirmações de dados ou relatos já obtidos de outras fontes. Mas é um erro desprezá-las. Muitas vezes um informante testemunhou fatos relevantes, e a única condição que coloca para narrá-los é a manutenção do sigilo sobre sua identidade. A regra básica para errar menos com o uso de fontes anônimas é ter em mente que o leitor pouco ou nada saberá sobre quem deu a informação – portanto, o jornalista tem que saber tudo sobre a fonte. VEJA muitas vezes não tem meios de confirmar com outras fontes as informações passadas por uma fonte que pediu OFF. Digamos que uma discussão entre duas pessoas seja contada em OFF por um dos participantes. Veja não irá publicá-la se a outra pessoa não confirmar? Talvez sim, talvez não. Depende do conteúdo do diálogo passado. A lição é a de que o bom jornalismo é uma atividade de informação mediada. O jornalista não é um mero repassador de declarações. Ele tem o poder discricionário de não publicar uma acusação ou uma ofensa grave. Se o custo de não publicar for prejudicial ao interesse público, o jornalista deve pesar os riscos e corrê-los se necessário.
(…)

A íntegra está
aqui.

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