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Chávez como um novo Cristo. Ou: Os ditadores se parecem também nos funerais

Vejam esta imagem. O cartaz era exibido ontem pelas ruas de Caracas. Hugo Chávez aparece associado à imagem de Jesus Cristo. Mahmoud Ahmadinejad, o facinoroso que governa o Irã, estava afinado com esse espírito. Deu uma declaração sobre a morte do ditador: “A Venezuela perdeu um filho forte e corajoso, e o mundo perdeu um […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 06h43 - Publicado em 7 mar 2013, 06h33

Vejam esta imagem.

O cartaz era exibido ontem pelas ruas de Caracas. Hugo Chávez aparece associado à imagem de Jesus Cristo. Mahmoud Ahmadinejad, o facinoroso que governa o Irã, estava afinado com esse espírito. Deu uma declaração sobre a morte do ditador: “A Venezuela perdeu um filho forte e corajoso, e o mundo perdeu um líder revolucionário e sábio. Não tenho dúvidas de que voltará, junto com o virtuoso Jesus e o Homem perfeito”. Uau!

O “homem perfeito”, no caso, é “Muhamad al-Mahdi”, o 12º imã, que desapareceu no século VII. Os xiitas acreditam que ele voltará, em companhia de Jesus, para livrar os homens das injustiças. Ahmadinejad, no seu entusiasmo com o “amigo” que abriu as portas da América Latina ao estado terrorista do Irã, resolveu mudar a mística do próprio xiismo. Até um aiatolá se viu obrigado a repreendê-lo publicamente, afirmado que era um exagero.

Idiotas políticos mundo afora, como o ator Sean Penn e os diretores Oliver Stone e Michael Moore, todos americanos, também se manifestaram no Twitter. Penn disse que o povo dos EUA “perdeu um amigo que nunca soube que tinha”. Stone se declarou de luto “por um grande herói para a maioria de seu povo e para aqueles que lutam por um lugar no mundo”. Moore, o mais intelectualmente delinquente deles todos, disse que Chávez utilizou o petróleo para eliminar 75% da pobreza extrema. Os cretinos, que vivem num país livre e podem, felizmente, falar a besteira que lhes der na telha, acham que os venezuelanos não têm direito a essas mesmas regalias. Para estes, serve a ditadura.

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Coreografia macabra e cafona
Todos os homens, vivos ou mortos, por mais detestáveis que sejam, merecem nossa piedade — o que não implica deixar de repreendê-los, contestá-los e combatê-los quando isso se mostra necessário. Todos os ditadores, vivos ou mortos, merecem o nosso desprezo, o nosso repúdio, o nosso asco. E não é diferente com Hugo Chávez. Vi na televisão as cenas patéticas do cortejo de sete horas. A população presente ao evento chorava copiosamente. As aulas foram suspensas por três dias em todo o país. A coreografia dos tiranos não tem muita imaginação. Mesmo quando é só a carcaça inerme que desfila pelas ruas. Vejam este vídeo.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=bIUwMn-YA40%5D

Lembrei-me das cenas do velório de aiatolá Khomeini, no Irã, em junho de 1989. Estima-se que quatro milhões de pessoas foram às ruas, numa manifestação de sofrimento, ódio e fanatismo. Oito morreram durante o funeral.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=Mtjw9u2Wlu0%5D

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Nada, no entanto, vai se equiparar ao “choro oficial”, sob o comando do Partido Comunista, organizado pela Coreia do Norte em dezembro de 2011, quando morreu o ditador Kim Jong-Il. Nesse caso, o que deveria ser animado pelo espírito da tragédia acabou virando uma comédia. Assistam.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=j24nO2iNli8%5D

Notem que, nos três casos, a massa se mostra desamparada, perdida, histérica mesmo, com a morte do seu “condutor”. Governantes, nesse caso, não são parte da rotina de uma sociedade organizada, que recorre a este mal necessário para evitar que travemos a guerra de todos contra todos. Nada disso! O líder comandaria um processo de redenção que, no fim das contas, não é deste mundo. As democracias têm o bom gosto adicional de nos poupar também desses espetáculos grotescos.

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