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Caso Matsunaga — Assim, não, procuradora Eluf! Retire aquele texto, retire…

Escrevi um texto nesta manhã sobre a cobertura indecorosa que a imprensa, na média, vem dispensando ao caso Matsunaga. O morto está sendo tratado como vilão; a vilã — perdoem-me a esquisitice de chamar de vilã quem mata e esquarteja —, como vítima. Aponto naquele texto os fatores que explicam essa abordagem estúpida. Os leitores […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 08h38 - Publicado em 12 jun 2012, 22h34

Escrevi um texto nesta manhã sobre a cobertura indecorosa que a imprensa, na média, vem dispensando ao caso Matsunaga. O morto está sendo tratado como vilão; a vilã — perdoem-me a esquisitice de chamar de vilã quem mata e esquarteja —, como vítima. Aponto naquele texto os fatores que explicam essa abordagem estúpida.

Os leitores me enviaram uma intervenção que Luíza Eluf fez no Facebook. Luíza não é uma cidadã comum, como somos todos. Também é procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo. Mais do que isso. Representou o Brasil na Conferência Internacional da Mulher em 1995, em Pequim, promovida pela ONU. Em 1990, fez parte da comissão que fez propostas para reformar o Código Penal.

Atenção! Por mais que as pessoas, nas redes sociais, falem como “indivíduos”, não deixam de ser quem são, especialmente quando opinam sobre matéria ligada à sua área de interesse ou à sua profissão. Pois é… No dia 8, ela perdeu uma excelente chance de tomar um suco de laranja em vez de escrever esta monumental bobagem, a saber:

“A propósito desse novo ‘crime da mala’ que infelizmente ocorreu em SP, lembro aos maridos que não querem morrer pelas mãos da esposa que não devem comprar armas de fogo nem leva-las para casa. A arma facilita o crime, onde existe arma o perigo é muito grande. E as mulheres perdem o autocontrole com mais facilidade.”

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O que dizer? Há o tratamento jocoso do tema (“novo crime da mala”), a atribuição de culpa à própria vítima (“levou a arma para casa”) e a advertência aos “maridos” — como se crimes dessa natureza fossem uma banalidade, uma decorrência de um mero mau hábito. Mais: há a tese subjacente — de que discordo, vocês sabem — segundo a qual a existência da arma induz a ação do criminoso. Estou entre aqueles que consideram que uma Bíblia em mãos erradas pode servir para esmagar um crânio.

De resto, não esperava ler, não saída da pena de uma histórica defensora das mulheres, a afirmação de que armas são especialmente perigosas nas mãos de mulheres porque elas “perdem o controle com mais facilidade”. Heeeiiinnn, procuradora? Como é que é? Pode-se dizer o mesmo sobre, sei lá, o cartão de crédito? Ou sobre os potes de sorvete? Ou sobre os automóveis? Se as mulheres são geneticamente menos compatíveis com armas do que homens, seria o caso de criar limitações especiais para elas ou de haver leis diferenciadas quando matam? “Sabe, meritíssimo, foram os hormônios…”

Não quero satanizar a procuradora, não, e peço que vocês não o façam. Mas convido Luíza Eluf a retirar o pequeno texto que escreveu, com uma penca de bobagens. Foi só um mau momento, certo, doutora?

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