TCU desmente Bolsonaro e mais uma fake news sobre a pandemia
O presidente disse mais cedo de um relatório do tribunal apontou que cerca de 50% dos óbitos registrados por Covid-19 não foram decorrentes da doença
O Tribunal de Contas da União desmentiu, na tarde desta segunda-feira, declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre um relatório do órgão que teria apontado que cerca de 50% dos óbitos registrados por Covid-19 em 2020 não foram decorrentes da doença. A acusação de maquiagem nos dados de mortes por coronavírus é feita de forma recorrente por Bolsonaro desde o ano passado, sem qualquer prova.
“O TCU esclarece que não há informações em relatórios do tribunal que apontem que ‘em torno de 50% dos óbitos por Covid no ano passado não foram por Covid’, conforme afirmação do Presidente Jair Bolsonaro divulgada hoje”, informou o tribunal à imprensa.
A fala do presidente ocorreu em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, pela manhã.
“Ó, em primeira mão pra vocês aí, tá? Não é meu, é do tal do Tribunal de Contas da União, questionando o número de óbitos no ano passado por Covid. E ali o relatório final não é conclusivo, mas em torno de 50% dos óbitos por Covid no ano passado não foram por Covid, segundo o Tribunal de Contas da União”, declarou Bolsonaro.
“Esse relatório saiu há alguns dias, logicamente que a imprensa não vai divulgar. Nós vamos divulgar hoje aqui… Já passei pra… eu tenho três jornalistas, não vou falar o nome deles, que eu converso, só três eu converso, porque são pessoas sérias, né? E já passei pra eles, e devo divulgar hoje à tarde”, acrescentou.
Detalhe: a tarde já acabou e o presidente não divulgou o tal “relatório” até o momento, nem por suas redes sociais e nem via Secom.
No bate-papo com os fãs, Bolsonaro disse que ninguém deveria querer criticá-lo “por causa disso”, já que o documento seria do TCU. E apontou uma fonte da suspeita original:
“E como é do Tribunal de Contas da União, ninguém queira me criticar por causa disso. Isso aí muita gente suspeitava, muitos vídeos que vocês viram no WhatsApp, etc., de pessoas reclamando que o ente querido não faleceu daquilo. E é muito bem fundamentado, tá bem claro. Só jornalista não vai entender, o resto todo mundo vai entender”, declarou.
O presidente disse ainda que seus opositores continuam na “narrativa” de que ele não comprou vacina no ano passado. E citou o cenário internacional para se justificar:
“A primeira pessoa vacinada foi em dezembro. Me responda: qual país comprou vacina e recebeu no ano passado? Ninguém, ninguém… Agora, por que tinha que passar pela Anvisa? Eu não posso ser irresponsável, comprar uma coisa que está em fase experimental ainda, tá ok?”.
Na tarde desta segunda, o trecho de um suposto relatório do tribunal foi divulgado por um veículo de imprensa, que informou ter obtido o documento por meio de fontes do Palácio do Planalto. Ao Radar, a assessoria da corte informou que “esse documento não é relatório do TCU”.