PGR: delator deve perder acordo por omitir repasses a assessor do Planalto
Em alegações finais, procuradoria pede que STF confirme rescisão de delação de Nelson Mello
Nas alegações finais entregues ao STF no pedido de rescisão da delação premiada de Nelson Mello, da Hypermarcas, a PGR afirma que o colaborador (ou ex-colaborador, como o órgão se refere a ele ao longo do documento) omitiu o pagamento de 11,5 milhões de reais ao secretário especial para o Senado na Casa Civil, o ex-senador Paulo Bauer (PSDB-SC).
Os contratos fictícios – dos quais inicialmente Mello disse aos investigadores “não se recordar” – tinham o intuito de beneficiar a campanha de Bauer para o governo de Santa Catarina em 2014.
Segundo a PGR, apesar de não dar detalhes sobre os repasses ao político catarinense, provas obtidas ao longo da investigação mostram que Nelson Mello “sempre teve em seu poder total acesso às informações e documentos sobre as negociações espúrias envolvendo os contratos fictícios firmados em beneficio” de Bauer.
“Percebe-se que o ex-colaborador nitidamente buscou omitir fatos delitivos, como também a participação de outros funcionários da Hypermarcas nos ilícitos relacionados ao ex-senador Paulo Bauer, apenas mudando de postura à medida que as investigações avançavam”, afirma o documento, assinado pelo subprocurador José Adonis Callou de Araújo Sá.
Para a PGR, a postura de Nelson Mello foi “claramente reativa” e não colaborativa. Por isso, argumenta, deve perder os benefícios concedidos com o acordo.