‘Eu só quero analisar’, diz vice da Câmara sobre pedidos de impeachment
Atacado por Bolsonaro, Marcelo Ramos declarou que é preciso uma 'atitude mais assertiva' da Casa para reprimir avanço do presidente sobre o Parlamento
Autor de um ofício enviado na manhã desta segunda-feira ao presidente da Câmara, Arthur Lira, no qual solicita o inteiro teor dos pedidos de impeachment protocolados contra o presidente Jair Bolsonaro, o vice-presidente da Casa, deputado Marcelo Ramos, afirmou ao Radar que pediu acesso aos documentos apenas por que quer analisá-los.
Alvo de ataques do presidente por conta da aprovação do aumento do valor do fundão eleitoral para quase 6 bilhões de reais, Ramos afirmou que Bolsonaro está ultrapassando “alguns limites das regras democráticas” e que a Câmara precisa tomar uma atitude “mais assertiva” para reprimir o seu avanço sobre o Parlamento.
Lira, como se sabe, tem sentado em cima dos mais de 100 pedidos apresentados até o momento contra Bolsonaro. Na manhã desta segunda, ele defendeu a análise da proposta de semipresidencialismo, que valeria a partir de 2026.
“Não, não tem nenhum motivo específico. Eu só quero analisar. Eu sou advogado, acho que o presidente Bolsonaro está ultrapassando alguns limites das regras democráticas e de convivência entre os Poderes e que é preciso uma atitude mais assertiva da Casa para reprimir esse avanço dele sobre as prerrogativas e sobre a autoridade do Parlamento brasileiro. E, diante disso, eu quero ler, para analisar a consistência ou inconsistência jurídica dos pedidos”, declarou o vice-presidente da Cãmara.
Questionado se há alguma chance de ele autorizar algum deles em um eventual período como presidente em exercício, Ramos respondeu que não discute impeachment “em tese”.
“Não sou o presidente. Sou o vice”, afirmou.
O deputado, no entanto, disse que teria a prerrogativa para autorizar algum pedido se estivesse exercendo essa função interinamente, o que não deve ser o caso durante o atual recesso parlamentar.
Mais cedo, Bolsonaro afirmou na saída do Palácio da Alvorada que Ramos é “insignificante” e “atropelou o regimento” enquanto atuava como presidente em exercício na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO, na semana passada, quando o aumento bilionário do fundo eleitoral foi aprovado com votos de bolsonaristas.