A operação que costurou um novo período de moderação nas falas de Jair Bolsonaro deve ajudar a reduzir a pressão entre as instituições, mas foi tocada de forma calculada a evitar que o presidente boicote os planos de reeleição dos aliados no Congresso.
No centrão, é ponto pacífico que o estilo do presidente e sua perda de popularidade em todas as classes irão dificultar a busca de votos por quem apoiou esse governo. Basta ver o caso do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, que tentará uma vaga na Câmara no próximo ano, dado que já descarta reunir apoio popular em Pernambuco para seguir senador.
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A preocupação dos aliados de Bolsonaro é que o presidente tumultue tanto o ambiente político com essa coisa de fraude eleitoral, que a base termine sem resolver a questão social, vital para a reeleição. Como uma leva de partidos já se uniu para derrubar o voto impresso bolsonarista na Câmara e, no Senado, o tema provavelmente irá para a geladeira de Rodrigo Pacheco, o caminho é preservar o mínimo de paz no ambiente político para que a base vote as reformas e abra espaço orçamentário para pavimentar o novo Bolsa Família.
Se o governo se atrapalhar e o dinheiro não sair para o grande eleitorado humilde, a reeleição de Bolsonaro e de seus aliados ficará muito mais distante. Daí surgiu um pedido na conversa do presidente com Lira no Alvorada: os aliados desejam que Bolsonaro faça um “silêncio” de pelo menos 120 dias sem polêmicas nem ataques que desviem o foco das votações no Congresso. Será que Bolsonaro aguenta?