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Tudo mais ou menos como dantes no quartel do ex-capitão

E segue o baile

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 26 mar 2021, 07h20 - Publicado em 25 mar 2021, 08h00

É tal o desejo de aliados e adversários do presidente Jair Bolsonaro de que ele arregace as mangas e de fato comece a combater a pandemia da Covid que qualquer gesto seu nesse sentido é lido como um sinal de mudança de comportamento. Doce ilusão…

Impossível que ele não tenha se dado conta do que ocorreu. Nos últimos 75 dias, o número de mortos saltou de 200 mil para pouco mais de 300 mil. A cifra é maior do que a população de 98,3% dos 5. 568 municípios brasileiros. O vírus só faz acelerar.

No dia que Bolsonaro anunciou, com atraso de um ano, a formação de um gabinete de crise, o que se viu? Ele só convidou para a reunião seis dos 27 governadores de Estados, cinco deles bolsonaristas assumidos, um independente de mentirinha.

Cadê os prefeitos? Não convidou nenhum. E representantes do Conselho Nacional de Secretários da Saúde? Nenhum. E autoridades médicas? Nenhuma. Empresários de renome? Nenhum. Mas a ideia não era a de um pacto nacional?

Usando máscara, o que foge ao seu estilo, Bolsonaro parecia mais interessado em posar para fotos ao lado dos presidentes do Supremo Tribunal Federal, da Câmara e do Senado. Repetiu as louvaminhas de sempre ao tratamento precoce contra o vírus.

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Não falou sobre a necessidade de medidas mais duras de isolamento porque é contrário a elas. Seu novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, apressou-se a descartar o lockdown como meio de fechar o país durante algum tempo à ação deletéria do vírus.

“Ninguém adere ao lockdown”, disse ele, ao prometer que o Brasil, em breve, estará vacinando cerca de 1 milhão de pessoas por dia. Segundo a plataforma “Our World in Data”, ligada à Universidade de Oxford, a promessa do ministro irá pelo ralo.

Proporcionalmente à população, o Brasil só aplicou 7,16 doses a cada 100 habitantes. Os Estados Unidos aplicaram 38,34 doses; Israel, 113,22; Chile, 46,92; e Peru, 16,11. Opinião cada um pode ter a sua, e mais de uma. Fatos são fatos.

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Caberá a Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado, reunir-se na próxima semana com os governadores. E a Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, seguir tentando convencer empresários de que a coisa, agora, vai. Pra frente, Brasil!

Mas Lira receia de que a coisa não irá, a julgar pelo discurso que fez ontem mesmo durante mais uma sessão da Câmara. Intérpretes de Lira dizem que foi um duro recado mandado a Bolsonaro, ameaçando-o com um processo de impeachment.

Não foi. Foi o que no mercado financeiro é chamado de hedge – “uma estratégia de proteção para os riscos de um investimento, que neutraliza a posição comprada ou vendida para que seu preço não varie. O objetivo é eliminar a possibilidade de perdas futuras.”

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Lira não abrirá nenhum processo de impeachment. Se abrisse, Bolsonaro teria maioria na comissão a ser formada para examiná-lo. E maioria no plenário para arquivá-lo depois. Sequer a oposição ao governo votaria em peso para aprovar o pedido.

Para a oposição, é mais confortável que Bolsonaro chegue à eleição do ano que vem sangrando. É a mesma receita que a oposição no primeiro governo de Lula adotou quando o escândalo do mensalão do PT quase o arruinou. Lula recuperou-se e se reelegeu.

O discurso tão celebrado de Lira é só mais uma peça na negociação com o governo por cargos, dinheiro para obras eleitorais e outras sinecuras. De resto, se Bolsonaro chegar a 2022 pelas tabelas, o Centrão de Lira dirá: “Eu não avisei?” E o largará de mão.

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