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O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Te perdoo por te trair

Te perdoo porque choras quando eu choro de rir (Chico Buarque)

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 19h49 - Publicado em 14 abr 2019, 07h00

Deve haver algum método, e também algum objetivo a ser alcançado, na desordem provocada dentro do governo pelo presidente Jair Bolsonaro a cada semana, e ultimamente a quase cada dia. É impossível que não haja.

A mais recente desordem, quando um telefonema dele obrigou o presidente da Petrobras a suspender o reajuste já anunciado no preço do diesel, surpreendeu o ministro Paulo Guedes, da Economia, em visita aos Estados Unidos.

Deu ensejo então a uma curiosa situação onde não é um presidente da República que sai em socorro de um ministro que derrapou numa casca de banana, mas o ministro que sai em socorro do presidente. Foi o que aconteceu quando Guedes disse ontem:

“Acho que o presidente tem muitas virtudes, fez muita coisa acertada e ele já disse que não conhece muito economia. Então se ele, eventualmente, fizer alguma coisa que não seja muito razoável, tenho certeza que conseguimos consertar”.

Espantoso! Em que país um ministro da Economia chama em público uma decisão presidencial de “não muito razoável” e é mantido no cargo? Ou afirma que o presidente “não conhece muito do assunto” em que resolveu se meter?

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E que acrescenta ainda como se fosse uma espécie de avalista do presidente que se ele fizer alguma coisa não razoável, tem certeza que dará para consertar? Onde será possível que uma coisa dessas fique por isso mesmo?

Ora, aqui, desde que Bolsonaro se elegeu enganando o mercado com a história de que Guedes seria o seu Posto Ipiranga. Título igual não deu ao ministro Sérgio Moro, da Justiça, mas ficou parecendo que sim. Já atropelou Moro antes, e agora Guedes.

Acreditou quem quis que Bolsonaro, um estatizante de carteirinha, vestiria a fantasia de liberal uma vez que se elegesse. O importante era derrotar o PT. E embora houvesse muitos candidatos, o capitão seria de longe o mais fácil de ser cavalgado.

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Pode faltar cultura, preparo e sofisticação ao presidente, mas uma toupeira ele não é. Bolsonaro joga a favor dele e dos filhos. No que dará tudo isso, nem ele sabe. Se não se der certo irá para casa com várias aposentarias e benefícios concedidos a um ex-presidente.

De bom tamanho para quem já admitiu que sua eleição foi um milagre.

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