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Por Coluna
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O poder religioso (por Gaudêncio Torquato)

Convém relembrar os estudiosos das mentes

Por Gaudêncio Torquato
Atualizado em 18 nov 2020, 20h02 - Publicado em 16 ago 2020, 10h00

O Tribunal Superior Eleitoral deve decidir sobre um tema polêmico: o poder religioso influi nas eleições? Ora, basta estudar o fenômeno do psiquismo das massas para concluir que influi, sim. No mercado da fé, os religiosos pagam, sem questionar o preço, o ingresso para o paraíso. Convém relembrar os estudiosos das mentes.

Para Jung, as rápidas intuições que geram decisões são fruto de conteúdos subliminares nas duas camadas no inconsciente: a individual, formada de lembranças apagadas ou recalcadas e de percepções estranhas à atenção (subliminares) e a superindividual ou coletiva, contendo remotas imagens ancestrais, os arquétipos, relacionadas às forças naturais, como o ciclo solar ou lunar, as ideias religiosas.

De Felice, historiador italiano que escreveu sobre Mussolini, lembra: “Os efeitos fisiológicos e psíquicos de uma gesticulação levada ao delírio são comparáveis aos de uma intoxicação. As desordens funcionais provocam vertigens e uma inconsciência que permite as piores loucuras. Às vezes, agitações desse gênero apoderam-se de reuniões políticas e provocam tumultos, como nas irmandades”.

Nas experiências de Pavlov, para que os reflexos condicionados pudessem se formar nos cães e gerar efeitos, eram necessárias condições como meio biológico, lugar, tempo, características hereditárias dos indivíduos. Exemplo é a cultura nazista. Hitler encarnava certos complexos, principalmente da classe média alemã. Precisava lidar com as massas em um nível inferior e as mergulhava em estados quase hipnóticos, dominando pela violência psíquica. Era a doutrina de Pavlov sobre reflexos condicionados.

Portanto, as mensagens formam impressões sensoriais, integrando novos reflexos desempenhados por imagens, excitações auditivas e escritas, desencadeando processos múltiplos, reflexos de imitação. Pessoas fatigadas e alquebradas se submetem passivamente.

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Fenômenos de hipnose se encaixam aí. As possibilidades de resistir às ordens e às sugestões dependem de graus de cultura, das cadeias de reflexos condicionados.

Qual a ferramenta dos credos religiosos para suas audiências? A palavra falada e ancorada em comunicação não verbal – signos de felicidade, medo, desgosto, tristeza, alegria, aplausos, coragem, surpresa. Pastores se transformam em fortes oradores desse discurso estético e semântico. Deus acolhe os bons, os virtuosos, os de fé. Organizam cenas de um exotismo hipnótico: expulsão de demônios, ganhos de saúde, gestos extravagantes, rituais sobre audiências entorpecidas.

O mercado da fé produz muito dinheiro e se multiplica principalmente entre massas incultas e carentes. Mostra-se o caminho dos céus a quem não tem quase nada.

Se classes médias e até gente do topo da pirâmide são atraídas, explica-se: a chama do divino, a esperança de outras vidas, o Reino do Céu estão no centro de todas as culturas. Quanto mais exótico e misterioso, maior a adesão.

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Resposta final: os credos tendem a fazer política para defender seus interesses. A bancada religiosa é uma das maiores do Congresso e busca eleger ainda mais representantes. Este consultor não tem dúvida: esse poder quer comandar o país.

 

 

Gaudêncio Torquato é jornalista, professor titular da USP e consultor político

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