Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Noblat Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

O Foro de Bolsonaro

“Maior evento conservador do mundo”

Por Mary Zaidan
Atualizado em 30 jul 2020, 19h24 - Publicado em 6 out 2019, 08h00

Sob medida para o deputado e aspirante a embaixador dos Estados Unidos Eduardo Bolsonaro, com a participação do pai presidente, ministros de Estado e da nata da direita norte-americana, vem aí a Cpac-Brasil, anunciada como o “maior evento conservador do mundo” – megalomania só equiparável ao “nunca antes neste país” adotado pelo ex Lula.

Com polo ideológico invertido, a conferência dos próximos dias 11 e 12 lembra o Foro de São Paulo, tão demonizado pela trupe bolsonarista. Um de esquerda, outro de direita, um multilateral, outro bilateral, um que já foi forte e desfaleceu, outro enchendo-se de músculos. Ambos usando a mesma receita de sovar forte o lado oposto para tentar fazer crescer o seu bolo.

A Cpac-Brasil é o braço tupiniquim da Conservative Political Action Conference, realizada anualmente em Washington desde 1973 pela American Conservative Union (ACU), a mais antiga organização não-governamental conservadora das terras do Tio Sam, fundada em 1964. Sim, trata-se de uma ONG, tipo de entidade que quando não opera em seu favor o presidente Jair Bolsonaro repudia.

Reunir o pensamento conservador, aprofundar ideias e debate-las é essencial à democracia, e nisso a iniciativa acerta. Mas, por aqui, o que seria uma saudável experiência aparece como um encontro feroz dos donos da verdade “contra o terror do comunismo”. Dos que enxergam o Brasil como um país em que “as principais esferas socioculturais se mostram dominadas pela esquerda”.

É literalmente assim, com a faca entre os dentes, que a Cpac-Brasil se apresenta em seu site oficial.

Continua após a publicidade

Muito diferente do que ocorre nos Estados Unidos, onde a ACU, embora tenha identidade absoluta com os republicanos, respeita e trabalha junto aos democratas. São lobistas de causas conservadoras, como liberalismo econômico, direito à posse e porte de armas e limitações à imigração. Mas, mesmo no belicoso governo Trump, os líderes da ACU, que têm o ex-presidente Ronald Reagan como símbolo maior, não espicaçam opositores, nem digladiam com inimigos fantasiosos. Muito menos com uma ameaça inexistente de comunismo, praticamente extinto desde a última década do século passado.

A menos de uma semana da versão tropical da Cpac, pouco se sabe do temário do encontro. O site e o Twitter criados para divulgar o evento destacam os nomes dos conferencistas – entre eles Matt Schlapp, presidente da ACU e da empresa de lobby Cove Strategies, e sua mulher, Mercedes, assessora da Casa Branca -, mas não traz nem mesmo o título das palestras. Também não confirma o misterioso anúncio feito pelo Zero Três, que pretendeu antecipar a presença do polêmico Steve Bannon, um dos articuladores da campanha de Donald Trump, hoje desafeto do presidente que ajudou a eleger.

Mesmo com conteúdo genérico, que se limita a informar que a Cpac dos Estados Unidos trará “toda a sua expertise em defesa da liberdade e de valores familiares”, como se um ou outro estivessem sob ameaça no Brasil, “celebrando a nova aliança política dos dois países neste novo tempo”, o evento promete. Deve reunir quase duas mil pessoas, empatando e até superando os grandes momentos do Foro São Paulo.

Reduzido a pó poucos anos depois de seu auge, o Foro de São Paulo hoje quase só é lembrado nas falas de Bolsonaro, que, sem manter o inimigo comunista vivo, não tem contra quem lutar e, consequentemente, perde a narrativa eleitoral.

Continua após a publicidade

Bolsonaro e os seus cometem o mesmo erro de Lula e do PT. Um pela direita, outro pela esquerda se acham predestinados a salvar o país, sentem-se donos do povo e da verdade. Com isso imputam graves danos aos ideários conservador e progressista, tão essenciais à democracia e ao desenvolvimento das sociedades.

Até porque a verdade não tem lado e o povo não é propriedade de ninguém.

 

Mary Zaidan é jornalista

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.