Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Noblat Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

O ex-capitão na América

A questão crucial será mesmo a Venezuela

Por Mary Zaidan
Atualizado em 30 jul 2020, 19h53 - Publicado em 17 mar 2019, 08h00

O presidente Jair Bolsonaro parte neste domingo para os Estados Unidos, primeira investida internacional depois da discreta passagem por Davos, para muitos uma presença decepcionante. Embarca após um gol de placa de seu governo: o leilão para concessão de 12 aeroportos que rendeu ao Tesouro R$ 2,37 bilhões, 10 vezes mais do que o previsto. O temor é que esses bons ventos sejam desperdiçados com estultices, tão usuais nos costumes do visitante e do anfitrião.

A agenda do presidente brasileiro envolve acordos para a utilização da base de Alcântara e troca de tecnologias, pauta construída pelo atual embaixador Sérgio Amaral, que está com os dias contatos em Washington. Oficialmente não há nada previsto quanto à saia justa da taxação dos Estados Unidos ao aço brasileiro, tema relevante para a economia nacional.

A questão crucial será mesmo a Venezuela. O governo Trump conhece a posição brasileira contrária a Nicolás Maduro e tende a pressionar o Brasil para que faça mais do que apoiar Juan Guaidó e ajudar venezuelanos na fronteira. Trump não vai sossegar até ter algum êxito em meter o Brasil mais firmemente nesse imbróglio.

Ainda que consiga sair ileso, o Brasil deverá amargar derrapadas diplomáticas.

Correndo por fora e previsto para ocorrer antes mesmo da reunião com Donald Trump, fala-se de um jantar de Bolsonaro com Steve Bannon — ex-assessor de Trump, hoje persona odiada pelo presidente americano —, articulado pelo guru Olavo de Carvalho, que, nos últimos tempos, anda para lá de injuriado. Embora proteja o seu pupilo, o autointitulado filósofo tem desancado com gente do governo nas redes, espalhando ira para todos os cantos. Brigou feio com o vice-presidente Hamilton Mourão, alimentou um pandemônio no Ministério da Educação e até pediu que seus alunos deixassem a pasta.

Continua após a publicidade

Carvalho tem influência inegável. Além de ter indicado os ministros da Educação e das Relações Exteriores, exibe vitórias significativas no embate entre os fundamentalistas, que ele representa, e que querem banir a “esquerda” do planeta, e os pragmáticos, defensores de um governo de resultados, em especial na economia. Com um viés sempre conspiratório, é ainda um dos mais ferrenhos críticos da imprensa. Mas, pelo que se sabe, Carvalho, mesmo próximo aos trumpistas, não meteu o bedelho na agenda do ex-capitão na América.

De Eduardo, um dos filhos do presidente, vem a ideia de acabar com a exigência de visto para americanos no Brasil. Com endosso do chanceler Ernesto Araújo e o argumento de desburocratizar a entrada de turistas e de dólares, a concessão do benefício de forma unilateral joga por terra o conceito de reciprocidade, regra cara ao Itamaraty, que o país aplica, indiscriminadamente, desde sempre. O visto é obrigatório para visitantes das nações que o exigem dos brasileiros. E não há nada que justifique a excepcionalidade.

O encontro tête-à-tête com Trump só acontece na terça-feira. Uma cúpula de 20 minutos com mais 30 minutos de atendimento aos jornalistas nos jardins da Casa Branca. Até lá, o ídolo absoluto de Bolsonaro não terá um único minuto para pensar no Brasil. Continuará enrolado com questões internas, a começar pela inédita derrota sofrida no Senado, que, com apoio de alguns de seus partidários republicanos, barrou a emergência nacional para remanejar recursos do orçamento em favor do muro na fronteira do México. Sem pensar duas vezes, Trump protagonizou outro ineditismo: usou seu poder de veto para reverter a derrota, o que pode refletir na perda de controle do Legislativo, inclusive dentro de seu partido.

É esse Trump tipo durão, de arma em punho, do faço e aconteço, que Bolsonaro cultua.

Continua após a publicidade

Talvez o presidente brasileiro não tenha se atinado que esse lado do magnata é folclore, piada. Mas o pior é transformar a chacota em loas, tendo-a como mérito a ser louvado, como fez o deputado Eduardo Bolsonaro ao resumir sua expectativa do encontro do pai: “Os dois são pessoas muito carismáticas, não vão pela linha do politicamente correto, têm muitas afinidades”.

Uma coisa é certa: as redes sociais vão bater recordes durante a jornada norteamericana. Que o santo padroeiro do Twitter nos proteja de todos os males. Talvez assim o Brasil se safe.

 

Mary Zaidan é jornalista. E-mail: zaidanmary@gmail.com Twitter: @maryzaidan

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.