Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Noblat Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Medo das ruas (por Helena Chagas)

Lampejos de manifestações anti-bolsonaristas

Por Helena Chagas
Atualizado em 30 jul 2020, 18h53 - Publicado em 4 jun 2020, 10h00

É uma grande ironia que, depois de tanto tempo de apatia, os primeiros lampejos de manifestações anti-bolsonaristas de rua venham ocorrendo sob o signo do medo – e dos dois lados, se é que são apenas dois. Depois da forte adesão de entidades da sociedade aos manifestos em defesa da democracia nos jornais e na Internet, e do protesto das torcidas na Paulista que acabou reprimido pela PM de São Paulo, há novas manifestações oposicionistas convocadas para diversas capitais no próximo domingo. Sua organização, porém, está cercadas de dúvidas e sentimentos contraditórios.

Parte da esquerda politicamente correta teme ser acusada de fazer justamente aquilo que condena em Jair Bolsonaro: incitar, ou ao menos compactuar com a formação de aglomerações de pessoas durante a pandemia. Se dá crime de responsabilidade para Bolsonaro, como tantos gostam de repetir, dá para a oposição também – e esse é o argumento que, na superfície, sustenta a posição de quem é contra o comparecimento a essas atos, que continuam sendo convocados pela web por torcidas e outros grupos não ligados oficialmente a partidos e suas entidades.

Por trás disso, nas profundezas das discussões, está o receio concreto de integrantes da oposição de cair numa armadilha bolsonarista. Consideram que os confrontos deste início de semana em SP, no Rio e em Curitiba mostraram claramente de que lado estão as PMs: do governo federal, que vem falando a sua linguagem nas questões de segurança e lhe dando melhor remuneração. O temor, portanto, é de que os inevitáveis enfrentamentos com as polícias descambem para atos de provocação, violência e perda de controle das manifestações. Há quem acredite inclusive na possibilidade de haver elementos infiltrados jogando pela radicalização e liderando saques, atos de destruição de patrimônio e agressões.

Um cenário desses no domingo de protestos da oposição pode ser tudo o que Jair Bolsonaro deseja como pretexto para obter apoio de setores conservadores para o uso das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem durante manifestações. Ou até para coisa pior, usando-as para justificar medidas de força e sabe-se lá mais o que. O discurso do presidente de satanização da esquerda e suas declarações recentes não dão margem a enganos. A iniciativa de Bolsonaro de anunciar que, neste domingo, seus aliados não devem ir às ruas, deixando-as para os adversários, também deixou muita gente com a pulga trás da orelha.

Continua após a publicidade

Na prática o governo está morrendo de medo que seus opositores consigam colocar muita gente nas ruas – diferentemente do movimento bolsonarista, unido e barulhento, mas pouco expressivo em números. Do outro lado, a oposição está morrendo de medo de não conseguir encher as ruas na pandemia e ainda perder o controle dos protestos.

E agora? Vamos ou não vamos? É o que boa parte dos mais consequentes se indaga. Um difícil dilema para quem vê o país derreter e esperou tanto para ver surgir expressão mais concreta da insatisfação popular, ingrediente básico de qualquer movimento político contra o governo. Afinal, panelas fazem barulho e manifestos agregam forças políticas, mas não têm o poder de cassar presidentes.

Helena Chagas é jornalista

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.