Reunidos, ontem à noite, para discutir o assunto, 13 senadores de vários partidos, a maioria deles contrária à proposta, concluiu que a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para o cargo de embaixador do Brasil em Washington deverá ser aprovada com uma razoável folga de votos quando for submetida ao plenário.
A batalha decisiva será travada antes na Comissão de Relações Exteriores do Senado, integrada por 18 senadores. Dá-se ali como quase certo que a indicação será aprovada com uma vantagem de no mínimo dois votos. Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão, faz campanha aberta em favor de Eduardo.
Aos colegas, ele lembra: “O voto é secreto”. E sugere aos que se opõem abertamente à indicação que votem a favor e que depois digam que votaram contra. Dado ao cargo que ocupa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado, só votaria em plenário em caso de empate. Mas afirma que é contra a indicação.
Em entrevista à rádio CBN, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a indicação de Eduardo configura nepotismo e que lhe falta experiência para ser embaixador. As boas relações que possa ter com a família Trump também não justificariam a indicação. Mas, pondera, ela “toca muito a sensibilidade familiar”.
Com outras palavras, esse é o argumento que ganha força entre os senadores para aprovar a indicação mesmo contra sua vontade. “Não se pode negar um pedido pessoal do presidente da República”, alega um senador do MDB do Nordeste que, por ora, quando perguntado, ainda se diz indeciso.
O governo joga pesado para aprovar o nome do filho do presidente Jair Bolsonaro. Promete empregos para afilhados políticos dos senadores e a liberação de mais de R$ 2 bilhões em emendas parlamentares ao Orçamento da União para a construção de pequenas obras em seus redutos eleitorais.
Para que a sabatina de Eduardo na Comissão de Relações Exteriores venha a ser secreta, basta que ele peça, segundo Trad. É o que ele deverá fazer para driblar o risco de cometer disparates em público.