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Bolsonaro em dia de paz (armada)

Quem o criou que o embale

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 19h48 - Publicado em 19 abr 2019, 07h00

O de ontem ficará marcado como o dia em que o presidente Jair Messias Bolsonaro, depois de 110 dias de governo, fez seu primeiro aceno de paz à imprensa brasileira, até então alvo preferencial de suas críticas nas redes sociais e em entrevistas a emissoras de televisão simpáticas a ele.

De manhã, em São Paulo, ao celebrar a passagem de mais um Dia do Exército, Bolsonaro pregou: “Em que pesem alguns percalços entre nós, precisamos de vocês (profissionais da imprensa) para que a chama da democracia não se apague”. Disse esperar que “pequenas diferenças fiquem para trás”.

Em seguida foi ainda mais explícito: “Imprensa brasileira, estamos juntos. Pode ter certeza que esse namoro, esse braço estendido aqui, estará sempre à disposição de vocês.” O comentário do presidente causou assombro nas redações e até foi recepcionado com elogios por alguns jornalistas acostumados aos seus ataques.

Por sinal, na última terça-feira, a propósito da censura ao site O Antagonista e à revista Crusoé decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro já havia dito que “a liberdade de expressão” é um “direito legítimo e inviolável”. Na tarde de ontem, exaltou a revogação da censura pelo ministro Alexandre de Moraes.

Poderia ter ficado por aí. Estava de bom tamanho. Mas Bolsonaro não seria o Bolsonaro que de fato é se, horas mais tarde, não voltasse a empunhar o tacape para dar novas bordoadas na imprensa. Foi quando fez mais uma transmissão ao vivo na conta da presidência da República no Facebook. (No ar, a TV Bolsonaro!)

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Então afirmou, sem explicar direito o que queria dizer, que é melhor ter uma imprensa “capengando” do que não ter imprensa. (Capengando quer dizer fraca?) Acusou mais uma vez o que chamou de “nossa querida” Folha de São Paulo de ter mentido em reportagem sobre as despesas do governo com propaganda.

Quanto à maneira como o governo gastará sua verba de publicidade, negou qualquer intenção de perseguir veículos de comunicação, para em seguida advertir: “Mas vamos usar um critério técnico. Não vai ser mais aquela televisão conseguindo 85% da propaganda e os demais 15%. Vai ser técnico.” (Touché, Rede Globo!)

No resto de sua fala de 25 minutos, Bolsonaro ocupou-se em atirar em várias direções. Atirou no ex-presidente Fernando Collor, a quem culpou de ter dado início a “uma verdadeira indústria de demarcação de terras indígenas”. Atirou na Fundação Nacional do Índio (FUNAI), ameaçando demitir sua diretoria.

Atirou na Justiça Federal que suspendeu os efeitos de portaria que havia garantido a concessão de passaporte diplomático ao líder da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, e à sua mulher. Garantiu que a portaria voltará a valer em breve porque ele tem poder para isso como tiveram seus antecessores.

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Para variar, atirou na Lei Rouanet de incentivos fiscais à cultura. Chamou-a de “desgraça” usada pelos governos do PT para cooptar os artistas. “Quantas vezes você não viu figurões defendendo ‘Lula Livre’, ‘Viva Che Guevara’, ‘o socialismo é o que interessa’, em troca da Lei Rouanet?”, perguntou.

Por fim, disse que se depender dele, invasão de terras será tipificado como ato de terrorismo. E defendeu outra vez que donos de imóveis possam se defender atirando em eventuais invasores. “Se o outro lado decidir morrer, será problema dele”, decretou Bolsonaro em um dia de muita paz e de refinado bom humor.

Quem criou Bolsonaro, o original, ou Bolsonaro Paz e Amor, o defensor intransigente da liberdade de expressão, que o compre e embale.

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