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Por Coluna
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A bússola de Bolsonaro (por Marcos Magalhães)

Esquecido pelo Trump e por chefes de Estado europeus

Por Marcos Magalhães
Atualizado em 18 nov 2020, 19h55 - Publicado em 7 out 2020, 12h00

Desde que a Covid 19 chegou à Casa Branca, multiplicaram-se as dúvidas sobre a capacidade de o presidente Donald Trump obter um novo mandato em novembro. E, com elas, as interrogações sobre a posição do Brasil no mundo. Afinal, Trump é o mais importante aliado de Jair Bolsonaro no cenário internacional.

Se Trump perde as eleições, a conclusão quase consensual é a de que Bolsonaro ficará isolado. Ele já trocou farpas pelas redes sociais com o candidato democrata Joe Biden, depois que este ameaçou punir com sanções o desmatamento da Amazônia. E não conta com aliados importantes na América do Sul, na Europa ou na Ásia.

O isolamento é bem provável. Mesmo durante a administração Trump, o Brasil de Bolsonaro não chegou a ser uma prioridade. O presidente norte-americano já visitou 24 países durante o seu primeiro mandato. Só chegou perto de Brasília uma vez, quando esteve em Buenos Aires, em novembro de 2018, para um encontro de cúpula do G-20.

Além da Argentina, Trump visitou uma vez Afeganistão, Arábia Saudita, Canadá, China, Coreia do Norte, Filipinas, Finlândia, Índia, Iraque, Israel, Polônia, Singapura e Vaticano. Foi duas vezes a Alemanha, Bélgica, Coreia do Sul, Irlanda, Itália, Suíça e Vietnã. Realizou três visitas ao Japão e ao Reino Unido. E escolheu a França para quatro viagens.

Ao registrar os voos de Trump em um grande mapa mundi, é fácil perceber que a América Latina inteira ficou de fora – com exceção do encontro do G-20 na Argentina. Caso Biden seja eleito, essa tendência provavelmente mudará. O candidato democrata conhece bem a região, que visitou muitas vezes quando era vice-presidente na administração Obama, e pretende aumentar bastante seus esforços de cooperação no Hemisfério.

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Roraima

Nos últimos anos, quem esteve no Brasil duas vezes foi o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo. A primeira em janeiro de 2019, logo no início do mandato do presidente Jair Bolsonaro. E a segunda em setembro deste ano, quando o secretário usou o território de Roraima para lançar pesadas críticas ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

“Não devemos esquecer que ele não é apenas um líder que destruiu seu próprio país, provocando uma das crises de mais extraordinárias proporções da história moderna”, disse Pompeo em visita duramente criticada no Senado brasileiro, às vésperas das eleições dos Estados Unidos. “Ele também é um traficante de drogas, levando drogas ilícitas para os Estados Unidos, impactando os americanos todos os dias”.

Na verdade, Pompeo foi uma das raras autoridades estrangeiras a visitar o Brasil em 2020. A pandemia contribuiu para esvaziar a agenda, naturalmente. Mas o livro de convidados recebeu poucas assinaturas nos últimos meses.

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Em março, pouco antes da pandemia chegar ao país, estiveram em Brasília o ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Domingos Augusto, e o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Mariano Grossi. Em fevereiro, visitaram o país os ministros de Relações Exteriores de Polônia, Argentina e Uruguai.

Calendário

A pedido do Capital Político, o Itamaraty elaborou uma lista de autoridades estrangeiras que estiveram no Brasil desde a posse de Bolsonaro. A lista tem dois pontos altos: a própria posse, em janeiro de 2019, e a reunião do Brics, dez meses mais tarde.

A cerimônia de posse do presidente brasileiro enfrenta um problema de calendário. Segundo a Constituição, o presidente eleito inicia seu mandato no dia primeiro de janeiro do ano seguinte ao da eleição. Como a virada do ano geralmente vem acompanhada de compromissos familiares ou políticos, a presença de estrangeiros em Brasília nunca é muito expressiva.

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Como de costume, estiveram na posse de Bolsonaro presidentes de países vizinhos, para os quais é mais fácil a locomoção. Entre eles Sebastián Piñera, do Chile, e Tabaré Vázquez, do Uruguai. Também marcaram presença representantes de aliados tradicionais, como o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.

Compareceram ainda líderes de países politicamente próximos de Bolsonaro, como os primeiros ministros de Israel, Benjamin Netanyahu, e da Hungria, Viktor Orbán. A proximidade com Israel vem da grande simpatia por aquele país da base religiosa do novo governo brasileiro. E Orbán lidera a onda da direita iliberal na Europa pela qual Bolsonaro nutre especial simpatia.

Em novembro de 2019, o presidente brasileiro foi o anfitrião da reunião de cúpula do Brics, em Brasília. Ali estiveram o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e os presidentes de Rússia, Vladimir Putin; da China, Xi Jinping; e da África do Sul, Cyril Ramaphosa.

Entre a posse e a reunião de cúpula, apenas dois presidentes estiveram no Brasil: Mario Abdo Benítez, do Paraguai, e Sebastián Piñera, do Chile. Além de Juan Guaidó, considerado pela diplomacia atual brasileira como presidente legítimo da Venezuela.

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A lista de ministros de Relações Exteriores foi mais extensa. Estiveram em Brasília no ano passado, já depois da posse, 21 chanceleres, dos quais nove de países latino-americanos e quatro dos países que integram o Brics junto ao Brasil.

Bússola

Ao analisar a relação de autoridades estrangeiras que estiveram no Brasil desde o início do governo Bolsonaro, algumas ausências são marcantes. Em primeiro lugar a do próprio Trump, considerado o maior aliado do presidente brasileiro. Depois, de chefes de Estado europeus. Entre aliados tradicionais brasileiros, França e Alemanha, por exemplo, enviaram apenas seus ministros de Relações Exteriores.

Os países vizinhos foram, de longe, os que mais enviaram representantes ao Brasil desde o ano passado. Mas Bolsonaro ainda não se encontrou – em Brasília ou Buenos Aires – com o presidente Alberto Fernández, da Argentina, principal sócio do Brasil no Mercosul. Bem ao contrário, criticou publicamente a escolha dos eleitores argentinos.

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O tempo dirá como o país vai se reposicionar no cenário global. Uma vez superada a etapa mais difícil da pandemia e conhecido o resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos, será possível observar como se comporta a bússola dos responsáveis pela política externa brasileira. Além de aferir o grau de interesse pelo Brasil por parte de países que andam meio distantes.

 

 

Marcos Magalhães escreve no Capital Político. Jornalista especializado em temas globais, com mestrado em Relações Internacionais pela Universidade de Southampton (Inglaterra), apresentou na TV Senado o programa Cidadania Mundo. Iniciou a carreira em 1982, como repórter da revista Veja para a região amazônica. Em Brasília, a partir de 1985, trabalhou nas sucursais de Jornal do Brasil, IstoÉ, Gazeta Mercantil, Manchete e Estado de S. Paulo, antes de ingressar na Comunicação Social do Senado, onde permaneceu até o fim de 2018.

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