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Abaixo o imperialismo: Janet Yellen está de olho no dinheiro dos outros

Como os Estados Unidos vão aumentar os impostos sobre empresas, secretária do Tesouro propõe que outros países também subam as taxas

Por Vilma Gryzinski 8 abr 2021, 08h47

Nada como ser hiperpotência, com uma moeda na qual são feitas 88% das transações internacionais, entre tantos outros atributos. 

A naturalidade com que Janet Yellen, a secretária do Tesouro do governo Biden, propôs uma alíquota mínima para os impostos sobre empresas em todo o mundo é um exemplo de exercício do poder sem nenhum constrangimento.

O imposto global não é uma ideia nova, mas o motivo pelo qual foi ressuscitado por Yellen não podia ser mais óbvio: manter a competitividade das empresas americanas.

O governo Biden tem um projeto hiperkeynesiano de investimentos em massa e uma das fontes de financiamento serão os impostos sobre renda das entidades jurídicas.

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A alíquota de 21%, reduzida a este nível pelo governo Trump com base na doutrina oposta, a de que empresas menos agravadas produzem mais e beneficiam a todos, vai subir para 28%. Também haverá uma taxa de 15% para empresas que exercem – legalmente – a contabilidade criativa e movimentam seus ativos em contas externas. A taxa incidirá sobre os lucros que constam na prestação de contas aos investidores.

“As companhias não vão mais poder esconder sua renda em paraísos fiscais como as Ilhas Cayman e a Bermuda”, disse Joe Biden.

Para evitar que países precisando de investimentos e de postos de trabalho ofereçam vantagens fiscais a multinacionais espremidas nos Estados Unidos, nada como um bom imposto global ao estilo do sugerido por Janet Yellen.

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“Os Estados Unidos costumavam se comportar como a polícia do mundo; agora, querem se tornar o fiscal global de renda”, reclamou o colunista Ben Wright no Telegraph.

O capital costuma ir para onde é mais bem tratado e a fluidez do capitalismo contemporâneo certamente cria buracos negros fiscais que beneficiam as empresas mais ágeis e mais poderosas, principalmente os quase monopólios do mundo digital.

Mas daí a acreditar que seria possível colocar todos os grandes agentes econômicos internacionais numa hipotética sala de reuniões e sair de lá com um acordo sobre um imposto mínimo global vai uma tremenda diferença.

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Mesmo muito distante da realidade, a proposta de Janet Yellen serve como uma sinalização: os americanos vão martelar o assunto sempre que puderem, enquanto gastam como um porta-aviões inteirinho de marinheiros bêbados.

Do ponto de vista de observadores neutros, será interessante acompanhar qual sistema funciona mais: o de Donald Trump, baseado no incentivo ao espírito animal da livre iniciativa, ou o de Joe Biden, ancorado em investimentos em massa do governo.

Um mês antes da pandemia virar o que viria a ser, em janeiro do ano passado, o desemprego bateu nos Estados Unidos em apenas 3,5%.

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Joe Biden pretende não apenas fazer a mesma coisa, com outros métodos, mas superar a pujança dos anos Trump e criar 19 milhões de empregos na base da caneta. Nada sutilmente, a gastança toda tem o nome oficial de Plano de Empregos Americanos.

O grau de ambição do programa Biden é impressionante: além do 1,9 trilhão já liberado para enfrentar os efeitos da pandemia e colocar 1 400 dólares na conta da maioria dos americanos todo mês, ele quer mais 2,3 trilhões para gastar em obras de infraestrutura e investimentos sociais.

Somando tudo, os pacotes já dão quase um quarto do PIB americano. Através dos aumentos de impostos para as empresas, o governo pretende levantar até 2,5 trilhões de dólares em quinze anos.

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A favor do governo Biden existem os prognósticos otimistas para a economia pós-pandêmica. Segundo o FMI, os Estados Unidos vão crescer  6,4% este ano, um aumento excepcional para compensar a derrocada do ano passado, e 3,4% o ano que vem.

Outros países que controlaram a pandemia ou não caíram inteiramente nela também têm perspectivas otimistas de crescimento.  China, 8,4%. Índia, 12,5%. Reino Unido, 5,3% este ano e 5,1% em 2022.

Dá uma inveja danada.

Sobre o aumento de impostos, Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo e unanimemente considerado o maior malabarista fiscal do planeta, declarou que apoia o plano do governo Biden de focar em gastos em infraestrutura e que isso “vai exigir concessões de todas as partes”.

“Esperamos que o Congresso e o governo se unam para encontrar a solução correta e equilibrada para manter ou aumentar a competitividade dos Estados Unidos”.

Só não pode ser aumentando o imposto dos outros.

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