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Por José Benedito da Silva
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HCor afasta médico acusado de assédio sexual

Especialista em medicina esportiva, Nabil Ghorayeb é investigado pela polícia após ter sido denunciado por pacientes

Por Da Redação Atualizado em 2 jun 2021, 12h47 - Publicado em 25 Maio 2021, 13h40

O médico cardiologista Nabil Ghorayeb, um dos mais conceituados na medicina esportiva do país, foi afastado nesta terça, 25, pelo Hospital do Coração (HCor), de São Paulo, após denúncias de assédio sexual feitas por três pacientes ao Ministério Público Estadual e que estão sendo investigadas pela Polícia Civil.

Ghorayeb é professor de pós-graduação em cardiologia do Instituto Dante Pazzanese, da Faculdade de Medicina da USP, e da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo, colunista do site Globo Esporte e autor de quatro livros de medicina, tendo inclusive ganhado o Prêmio Jabuti de literatura, o mais importante do país, em 2000 na área de ciência e saúde.

“O HCor e o médico Nabil Ghorayeb definiram, de forma conjunta, formalizar o seu afastamento temporário das atividades no hospital até a apuração dos fatos. Conforme noticiado, as denúncias — que não ocorreram nas dependências do HCor — já estão sendo devidamente apuradas pelas autoridades competentes. Não há na Ouvidoria do hospital manifestações, referentes a assédio, praticados pelo médico na instituição”, informa a nota do Hospital do Coração.

No mesmo documento, o HCor diz que “repudia veementemente qualquer tipo de conduta ilícita e não tolera comportamentos abusivos ou antiéticos, nos termos dos Códigos de Ética profissionais e da Legislação vigente em nosso país”. O hospital diz, ainda, que tem ainda um “canal de denúncias aberto para público interno e externo, cuja gestão é realizada por instituição terceira e independente”.

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Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública, o caso é investigado por meio de um inquérito policial pela 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM,) como crime de importunação sexual. “As partes foram ouvidas, e a autoridade policial aguarda o resultado de um exame pericial, que está em andamento. A investigação prossegue em sigilo”, informou em nota.

Procuradas pela reportagem de VEJA, a delegada que Jacqueline Valadares da Silva e o promotor Tomás Busnardo Ramadan, que investigam o caso, não quiseram falar. Nabil Ghorayeb negou as acusações e se disse vítima de “perseguição”.

Relatos

“Acho que foi fundamental [o afastamento de Ghorayeb pelo HCor]. Esse protocolo tem que ser padrão”, avalia Bárbara Leite, que afirma ter sofrido assédio do médico em duas oportunidades em 2018. Já na avaliação de outra autora da denúncia, Jane P., a medida anunciada pelo hospital “é só o começo”.

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Em relato a VEJA, elas contaram como foram os episódios de assédio. No caso de Bárbara, o primeiro, conta, ocorreu quando foi ao consultório de Ghorayeb acompanhar o atendimento do pai, que combatia um linfoma desde 2017. Ela estava acompanhada também da mãe e, ao entrar na sala, o médico comentou sobre sua beleza. “Na hora não considerei assédio porque estava com os meus pais, mas era”, afirma.

A segunda vez foi quando Bárbara foi buscar no consultório uma receita de um remédio para o pai. Como ele estava muito debilitado, ela disse que poderia ir sozinha. Na ocasião, ela afirma que Ghorayeb a abraçou e a beijou. “Eu percebi que estava sendo assediada, mas não fiz nada porque pensei no estado de saúde do meu pai. Naquele momento, a vida dele era mais importante”, diz Bárbara.

Jane conta que foi assediada duas vezes — uma quando estava acompanhada da filha e outra quando retornou para retirar um aparelho que media sua frequência cardíaca. “Na primeira vez, ao invés de perguntar o que eu estava sentindo, ele elogiou os meus seios”, conta. Já no segundo dia, a vítima relata que Ghorayeb tentou beijá-la e depois a convidou para jantar naquela mesma noite.

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Para ajudar nos casos de outras mulheres que tenham sido assediadas, as vítimas criaram um site para para reunir denúncias contra médicos. Segundo Adriana, outra mulher que denunciou Ghorayeb, a plataforma foi elaborada diante das dificuldades que elas tiveram. “Criamos esse site para dar dicas de como se unir e formalizar denúncia”, contou.

Ela confirma, assim como Bárbara e Jane, a informação do HCor de que os episódios de assédio ocorreram no consultório do próprio Ghorayeb, no bairro do Ipiranga, região central de São Paulo. Segundo ela, a clínica ficava perto de onde sua mãe estava internada após sofrer um infarto, no final do ano passado. À época, Adriana diz ter começado a fazer buscas por especialistas em cardiologia e encontrou Ghorayeb como uma das principais referências da área, marcando consulta para o dia 11 de janeiro de 2021. Como estava com a mãe internada, ela foi ao consultório sozinha para ter uma segunda opinião sobre o caso da mãe e fazer uma consulta por videoconferência para que ela pudesse ser atendida. Após um rápido atendimento, Ghorayeb teve uma atitude que Adriana considerou “completamente antiética”, fazendo elogios a sua aparência, tocando o corpo dela e forçando para que ela o tocasse em suas partes íntimas.

Adriana registrou boletim de ocorrência no dia 28 de janeiro, na 2ª Delegacia de Defesa da Mulher. De acordo com a queixa, ela diz que não tomou a atitude antes por temer que as informações que passou a Ghorayeb durante a consulta fossem divulgadas pelo médico.

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No dia 13 de abril, Adriana se juntou a Bárbara e fez uma denúncia ao Conselho Regional de Medicina de SP (Cremesp). “Temos convicção de que existem outras vítimas e acreditamos no poder e responsabilidade da imprensa, para que possamos parar as condutas criminosas que ocorrem dentro de um consultório médico, num momento em que as vítimas estão vulneráveis”, diz nota divulgada pelas vítimas.

A advogada Mariana Serrano, que defendia as mulheres, deixou o caso alegando “motivo de ordem pessoal” nesta segunda-feira, 24. As autoras da denúncia ainda não encontraram alguém para assumir o caso e, por enquanto, recebem orientações do grupo Justiceiras, rede de apoio criado pela promotora de Justiça Gabriella Manssur para promover o combate à violência contra mulheres.

Defesa

Em nota enviada a VEJA, Nabil Ghorayeb diz que “são inverídicas, infundadas e descabidas as acusações a ele atribuídas” e que “não consegue entender a motivação de acusações caluniosas e difamatórias, sem apresentar nenhuma prova”.

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Afirma, ainda, que tem “mais de 50 anos dedicados à medicina, cujo resultado é o respeito dos seus pacientes, dos seus pares e a conquista de uma reputação ilibada”. Declara, ainda, que nunca houve na sua trajetória situação semelhante na atividade profissional ou na vida pessoal”.

Por fim, o médico anuncia “que medidas judiciais serão adotadas contra irresponsáveis declarações”.

 

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