PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana
Imagem Blog

Maquiavel

Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Críticas e elogios: ministros do STF divergem em público sobre a Lava-Jato

Enquanto Gilmar Mendes faz duras críticas à operação, seus colegas de Corte Luís Roberto Barroso e Edson Fachin defendem a investigação

Por Da Redação Atualizado em 12 mar 2021, 00h41 - Publicado em 16 fev 2021, 15h00

A Lava Jato já viveu dias melhores. Maior ofensiva de combate à corrupção da história do país, a operação, em quase sete anos, promoveu mais de 295 prisões, incluindo a dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer, e colocou contra a parede mais de 533 acusados, mas perdeu força, principalmente após o vazamento em 2019 de mensagens entre os procuradores da força-tarefa de Curitiba e entre o seu coordenador, Deltan Dallagnol, e o então juiz Sergio Moro.

Nos últimos dias a operação, que sempre dividiu a principal Corte judiciária do país, o Supremo Tribunal Federal, vem provocando um debate público entre alguns de seus membros, com críticas contundentes de um lado e, por outro, defesas firmes do seu legado e da sua continuação.

O ministro Gilmar Mendes é o principal crítico da investigação. Nesta terça-feira, 16, por exemplo, em uma entrevista à BBC News Brasil na segunda-feira, 15, ele disse que a força-tarefa de Curitiba agiu para perturbar o país durante o governo de Michel Temer, apoiou a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência da República em 2018 e tentou “influenciar o processo eleitoral” brasileiro.

Gilmar Mendes defende, por exemplo, que Lula tenha o que chama de “julgamento justo”, já que Sergio Moro, o juiz que o condenou no caso do tríplex do Guarujá, teve com o Ministério Público durante o processo uma relação que não condizia com o cargo que ocupava. Mensagens trocadas entre Moro e Dallagnol mostraram que o então juiz federal orientou a acusação no processo. Segundo Gilmar, o pedido de suspeição de Moro no caso, feito pelo petista, deve ser julgado ainda neste semestre pela Segunda Turma do STF.

“Primeiro a Lava Jato atua na prisão do Lula. Perto da eleição, divulga o chamado depoimento ou delação do (ex-ministro Antonio) Palocci, tentando influenciar o processo eleitoral. Depois, o Moro vai para o governo Bolsonaro. Portanto eles não só apoiaram como depois passaram a integrar o governo”, acrescentou. “E atuou, inclusive, para perturbar o Brasil em termos institucionais. Veja, por exemplo, no caso do presidente Temer, aquela operação ligada à JBS e ao procurador (Rodrigo) Janot“, afirmou, se referindo à gravação de conversas de Temer pelo empresário Joesley Batista, em ação combinada com o Ministério Público Federal.

Continua após a publicidade

“Primeiro a Lava Jato atua na prisão do Lula. Perto da eleição, divulga o chamado depoimento ou delação do Palocci, tentando influenciar o processo eleitoral. Depois, o Moro vai para o governo Bolsonaro. Portanto eles não só apoiaram como depois passaram a integrar o governo”

Gilmar Mendes, ministro do STF

No mesmo dia, no entanto, o ministro Luís Roberto Barroso, em entrevista ao canal do historiador Marco Antonio Villa no YouTube, deu declarações apoiando a Lava Jato. “É claro que se tiver um excesso, ele deve ser objeto de atenção. Mas é preciso não perder o foco. O problema não é ter tido exagero aqui ou ali. O problema é esta corrupção estrutural, sistêmica, institucionalizada, que não começou com uma pessoa ou um partido, vem de um processo acumulativo que um dia transbordou. E o que a gente assiste hoje é a tentativa de sequestrar a narrativa como se isso não tivesse acontecido”, afirmou. 

“O que a gente assiste hoje é a tentativa de sequestrar a narrativa (sobre a Lava Jato) como se isso (a corrupção) não tivesse acontecido”

Luís Roberto Barroso, ministro do STF
Continua após a publicidade

Já o presidente do STF, Luiz Fux, ao ser questionado sobre uma possível anulação da Lava Jato, respondeu, segundo o Radar: “Não quero nem pensar nisso. Um absurdo. Uma vergonha nacional. O respeito ao STF vai para o esgoto”.

“Não quero nem pensar nisso. Um absurdo. Uma vergonha nacional. O respeito ao STF vai para o esgoto”

Luiz Fux, presidente do STF

Já o relator da maioria dos processos da operação no Supremo, Edson Fachin, disse na semana passada ao jornal Folha de S. Paulo, que a Lava Jato não foi encerrada, mesmo com o fim das forças-tarefas de Curitiba e de São Paulo e que o que acabaria seria o “lavajatismo, a doença infantil da Lava Jato”, que “só vê virtudes e não faz autocrítica”. “O que acabou foram as forças-tarefas. A operação denominada Lava Jato não acabou e nem poderia, porque continua a independência dos membros do Ministério Público para investigar, e sempre que houver indícios de irregularidade e desvio de recursos deverão atuar”, disse.

Continua após a publicidade

“O que acabou foram as forças-tarefas. A operação denominada Lava Jato não acabou e nem poderia, porque continua a independência dos membros do Ministério Público para investigar”

O procurador-geral da República, Augusto Aras, também vai no mesmo sentido. Para ele, o fim das forças-tarefas não representa o encerramento do combate à corrupção, mas a sua substituição por um novo modelo, mais institucional, por meio dos Gaecos (Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que passarão a funcionar em todos os estados, conforme mostrou reportagem de VEJA.

 

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.