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Por José Casado
Informação e análise
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Um cenário ruim para o candidato Bolsonaro

Está acelerado o avanço da inflação para os pobres — 80% dos eleitores— e a desigualdade social já é recorde. Pobreza em alta é instabilidade crescente

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Atualizado em 15 jun 2021, 12h55 - Publicado em 15 jun 2021, 09h00

O cenário é de pesadelo para quem sonha se eleger no próximo ano, principalmente para Jair Bolsonaro que só pensa na reeleição.

Está acelerado e persistente o avanço da inflação nos bolsos dos pobres — isto é, oito de cada dez eleitores.

A alta de preços corrói a renda familiar nos domicílios onde os ganhos somam R$ 4,1 mil por mês, numa velocidade muito superior à observada nos demais.

Para a grande maioria dos brasileiros, a inflação aumentou 8,7% na média dos últimos doze meses.

O impacto inflacionário foi maior (8,9%) nas casas dos mais pobres, onde a renda somada vai até R$ 1.650,50 mensais.

Em contraste, o efeito foi menos corrosivo (6,3% até maio) nas residências de alta renda, com mais de R$ 16.509,66 por mês, segundo a pesquisadora Maria Andréia Lameiras, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

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A inflação sobe em ritmo veloz, na direção do patamar dos dois dígitos anuais para os mais pobres.

O Ipea confirmou ontem o vigor e a continuidade desse processo ao analisar o resultado inflacionário de maio: a inflação, de novo, foi maior para as famílias de renda muito baixa (0,92%) em comparação à apurada no segmento de renda mais alta da população (0,49%).

Os alimentos consomem cerca de 60% da renda domiciliar dos pobres. Nos últimos doze meses subiram em média 15,4% para essa maioria da população.

Inflação Ipea/ junho 2021
(Ipea/VEJA)

Os efeitos são visíveis nos bairros pobres, como o de São Sebastião, em Brasília, distante apenas vinte quilômetros do Palácio do Planalto e do Congresso.

Ali vivem 70 mil pessoas de baixa renda, cuja renda domiciliar é inferior um salário mínimo e meio.

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Estão espalhadas no entorno do Presídio da Papuda, que durante algum tempo serviu de endereço residencial a políticos envolvidos em casos de corrupção, como o Mensalão e Petrobras — todos estão em liberdade.

No último dezembro, em São Sebastião, o botijão de gás de 13 quilos, suficiente para 22 dias numa casa de quatro pessoas, custava R$ 70. Agora é vendido por R$ 110.

Na tabela de preços locais se destacam:

* Arroz (saco de 5kg) subiu de R$ 12 para R$ 27;

* Açúcar (5kg) aumentou de R$ para R$ 15;

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* Feijão (1kg) passou de R$ 4 para R$ 7;

* Óleo de soja (lata) foi de R$ 3,40 para R$ 7;

* Café (500gr) era R$ 4,85 em dezembro, agora custa R$ 8,90.

O desemprego já era elevado nas periferias e se agravou na pandemia, fazendo desabar o nível de renda dos pobres.

O índice oficial registra 14,5 milhões de pessoas desempregadas, mas ele só permite um vislumbre da dimensão da crise no país de 212 milhões de habitantes com a economia há muito combalida, e, prisioneiro da falta de preparo da mão de obra numa etapa de grandes mudanças tecnológicas.

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LEIA TAMBÉM: Reprovação a Bolsonaro sobe cinco pontos em pouco mais de um mês em SP

A força de trabalho em idade ativa somava 176 milhões de pessoas no trimestre encerrado em fevereiro.

Desse total, 100 milhões estavam no mercado de trabalho (cerca de 60% em serviços e o restante dividido entre a indústria e a agricultura). Outros 76 milhões compunham a chamada população inativa.

Esse contingente de inativos aumentou em 10,5 milhões de pessoas, no trimestre (dezembro de 2020 a fevereiro de 2021) em relação ao anterior (2019-2020). O cálculo é do professor José Pastore, da Universidade de São Paulo, com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD Contínua/IBGE).

O impacto da pandemia no fragilizado mercado de trabalho levou a desigualdade social a nível recorde, indica pesquisa da Fundação Getulio Vargas divulgada ontem.

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A renda média por habitante desabou no primeiro trimestre (queda 11,3%, para R$ 995), em comparação com o primeiro trimestre do ano passado.

Para os mais pobres, foi bem pior (redução de 20,81% na renda individual), de acordo com o pesquisador Marcelo Neri, da FGV-Social.

Em meio à pandemia e com uma crise energética no horizonte, o país segue sob uma inflação acelerada, que empobrece ainda mais a massa do eleitorado e leva a desigualdade social a nível recorde.

Esse cenário é ruim para o candidato Bolsonaro, mas, também, representa enorme desafio para quem pretende tomar-lhe a cadeira presidencial nas eleições do próximo ano.

Pobreza em alta significa instabilidade política crescente.

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