Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

José Casado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Informação e análise
Continua após publicidade

Pazuello revelou o avatar político de Bolsonaro

Pela descrição do ex-ministro da Saúde, existe o Bolsonaro real e o Bolsonaro avatar. Um manda, outro não. E ambos nem sempre estão de acordo

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 Maio 2021, 17h03 - Publicado em 20 Maio 2021, 13h00

Eduardo Pazuello apresentou ao país o avatar de Jair Bolsonaro. Descreveu a existência de uma dupla personalidade presidencial.

Haveria, na sua versão, um personagem na dimensão real do Palácio do Planalto. Outro estaria na autoimagem que ele lapida em público e na internet.

Pela descrição do ex-ministro da Saúde, o Bolsonaro real é diferente do Bolsonaro avatar. Um manda, outro não. E ambos nem sempre estão de acordo.

Deu como exemplo, na quarta-feira, o impasse de seis meses em plena pandemia sobre a compra da vacina Coronavac, do Instituto Butantan.

A fundação paulista se associara à empresa Sinovac, da China, e desde julho oferecia o imunizante ao governo federal. Mandou pelo menos três cartas-propostas (em 30 de julho, 18 de agosto e 7 de outubro), mas não recebeu resposta.

Continua após a publicidade

Na segunda-feira dia 19 de outubro, o Ministério da Saúde assinou um “protocolo” para compra de 46 milhões de doses.

O então ministro celebrou o acordo em reunião com duas dezenas de governadores. “Foi uma reunião muito exitosa”, recordou Pazuello, “nós estávamos discutindo o nosso Programa Nacional de Imunização e como estávamos fazendo a compra de vacinas”.

Na manhã seguinte, Bolsonaro acordou e leu a seguinte mensagem na sua rede social: “Bom dia, presidente. Exonera Pazuello urgente, ele está sendo cabo eleitoral do [João] Doria. Ministro traíra.”

O presidente digitou uma resposta: “Tudo será esclarecido ainda hoje. NÃO COMPRAREMOS A VACINA DA CHINA.”

Continua após a publicidade

Saiu do Palácio da Alvorada, encontrou jornalistas e anunciou: ““Já mandei cancelar [a compra de vacinas do Butantan]. O presidente sou eu. Não abro mão da minha autoridade. Até porque estaria comprando uma vacina que ninguém está interessado por ela, a não ser nós. Não sei se o que está envolvido nisso tudo é o preço vultoso que vai se pagar por essa vacina para a China.”

Na CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) perguntou a Pazuello de que forma Bolsonaro havia comunicado ao Ministério da Saúde a decisão de cancelar a compra da vacina do Butantan.

“Nunca comunicou nada disso”, respondeu o ex-ministro.

“Da decisão de que não poderia comprar?”, estranhou o relator da CPI.

Continua após a publicidade

“Não, não.”

“Nunca falou?”

“Nunca falou para que eu não comprasse um ai do Butantan”

“Mas ele falou publicamente…” — comentou o senador.

Continua após a publicidade

“Ele falou publicamente. Para o ministério ou para mim, nunca…” — insistiu o ex-ministro.

Ninguém na CPI parecia entender. Pazuello, acrescentou: “Aquilo foi apenas uma posição do agente político na internet.”

Não estava claro, ele percebeu. “Vou explicar para o senhor”, disse ao relator da CPI. “Uma postagem na internet não é uma ordem. Uma ordem é uma ordem direta verbal ou por escrito. Nunca foi dada. Nunca!”

Pela descrição de Pazuello, há um presidente e seu avatar. Bolsonaro no Planalto faz uma coisa e Bolsonaro nas redes faz outra. O segundo personagem seria “o agente político”, de acordo com o ex-ministro.

Continua após a publicidade

Em julho, quando o Ministério da Saúde recebeu a primeira oferta de vacina do Butantan, o país contava 80 mil mortos. Em outubro, quando o avatar do presidente cancelou compra da “vachina do Doria”, já eram 154 mil. Em janeiro, quando o Bolsonaro real permitiu a compra, somavam-se 214 mil mortos.

Há quem ache que o ex-ministro mentiu na CPI, e assim continuou fazendo na sessão de hoje. Isso só pode ser coisa de quem faz oposição ao avatar político presidencial.

Afinal, Pazuello é general, serve no Estado-Maior, e não cometeria um delito do tipo previsto no capítulo “Da Ética” do Regulamento Disciplinar do Exército, cujo artigo 28 determina no primeiro parágrafo: “Amar a verdade e a responsabilidade como fundamento de dignidade pessoal.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.