Clique e Assine VEJA por R$ 9,90/mês
Imagem Blog

O jardineiro casual

Por Marcelo Marthe Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Ideias práticas e reflexões culturais sobre jardinagem, paisagismo e botânica
Continua após publicidade

É tempo de jambo, a fruta com aroma de infância

Seja pelas frutas perfumadas, seja como item ornamental, a árvore nativa da Índia é extraordinária em qualquer pomar - e facílima de cultivar no Brasil

Por Marcelo Marthe Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 dez 2017, 16h11 - Publicado em 5 dez 2017, 15h59

A árvore foi plantada na frente da casa quando eu ainda era criança, mas parece que está lá desde a eternidade, em total harmonia com a mata nativa em torno. Dada a facilidade com que nasce, cresce e frutifica por todo o país, dá até a impressão de que o pé de jambo é uma espécie nativa. Mas não é: assim como a jaca ou a manga, a fruta veio da Índia. Trazida há séculos para o país pelas mãos dos colonizadores, tornou-se quase uma brasileira naturalizada.

E que ninguém reclame: a atual colheita de jambos amarelos naquela árvore simpática na frente da casa reavivou para mim o valor extraordinário dessa fruta. Com casca fina e carne firme, mas dotada de tenra delicadeza, o jambo é daqueles sabores sem igual da infância. E o perfume? É um aroma aconchegante que faz lembrar água de rosas, às vezes com toques de um levíssimo tutti frutti. Devorar um jambo é também se inebriar nesse aroma.

Flor de Jambo Amarelo
Flores de Jambo-amarelo (IStock/Getty Images)

Mas vamos sair da divagação poética-botânica e ir ao que interessa: sim, você pode ter um pé de jambo, desde que tenha espaço para uma árvore de médio porte no quintal ou na calçada. Além das frutas, o jambeiro proporciona excelente sombra e é um suporte ideal para orquídeas, samambaias e bromélias. É comum, aliás, encontrar exemplares da fruta pelas ruas e jardins de São Paulo ou do interior do país. O plantio não tem segredo, já que o jambeiro é bem rústico. Pertencente à família das mirtáceas, a mesma da jabuticaba e da pitanga, ele é perfeitamente adaptado aos solos ácidos do Sudeste, além de crescer bem tanto no sol quanto na sombra (será mais produtivo, no entanto, se ficar a sol pleno).

Árvore de Jambo Amarelo
Árvore de Jambo-amarelo (Viveiro Ipê/Divulgação)

Enquanto no centro-sul é mais comum o jambo-amarelo, ou Syzygium jambos, cujas frutas são superiores à beleza da árvore em si (apesar de sua floração magnífica e igualmente cheirosa), nos estados do Nordeste impera o jambo-roxo, ou Syzygium malaccense, em que ocorre justamente o contrário. Se o fruto do jambeiro-roxo é uma coisinha meio sem graça, o design da árvore compensa isso amplamente: com largas folhas verde-escuras e copa com notável formato de cone, elas ficam cobertas de flores de um lilás metálico e brilhante. Caminhar por baixo dos jambeiros durante a floração é como andar sobre um tapete de pétalas.

Árvore de Jambo-roxo
Árvore de jambo-roxo, com a forma piramidal típica ()

Resumindo: se você quer frutas boas, vá de jambo-amarelo; se busca uma árvore bela, invista no jambo-roxo.

Várias lendas falam do jambo na Índia. A principal delas reza que ele é a Árvore da Vida, da qual emana um caldo colorido e perfumado que desce das encostas do Himalaia para formar um grande rio. Não à toa, o pessoal da ioga e da medicina ayurvédica se encanta com a fruta.

Continua após a publicidade
Botões e flores do Jambo-vermelho (Syzygium malaccense). (IStock/Getty Images)

No Brasil, o jambo-amarelo se deu tão bem que é considerado uma espécie invasora da Mata Atlântica. Eu, pessoalmente, tenho uma visão menos xiita sobre o assunto: se os passarinhos, macacos, morcegos e roedores nativos adoram e espalham a árvore por aí, é uma luta inglória tentar domar a natureza. Enquanto não represente um incômodo real para a mata, o jeito é conviver com o jambo.

Conviver e se esbaldar, claro: a colheita de seus frutos está acontecendo agora. Para dar conta da abundância de jambos produzidos por uma única árvore, dizem que é possível cortá-los, aferventá-los numa calda açucarada e conservá-los como compota por um bom tempo em vidros devidamente esterilizados. Mas nada supera o prazer de consumir os jambos colhidos na hora. Porque aquele perfume não pode ser aprisionado em nenhum doce ou conserva: é uma dádiva efêmera feita para se abraçar com os sentidos.

Jambo Roxo
Frutos de Jambo-roxo (IStock/Getty Images)
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.