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Por Coluna
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O garimpo da semana: Rastro de Maldade

Nada como um bom faroeste – e melhor ainda se ele tiver canibais

Por Isabela Boscov Atualizado em 31 out 2017, 16h47 - Publicado em 12 abr 2016, 18h09

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Dois fora-da-lei cortam a garganta dos caubóis acampados em um trecho isolado do deserto e começam a revirar a bagagem deles. Uma das vítimas, porém, ainda não está bem morta, e consegue disparar sua arma. O ruído atrai alguém, e os dois malfeitores correm para a encosta para se esconder. Um deles é imediatamente crivado de flechas e despachado a golpes de machadinha. O outro, Purvis (David Arquette), foge. Com esse prólogo, o diretor S. Craig Zahler abre seu surpreendente – e o mínimo que se pode dizer – faroeste pós-moderno, no qual uma tribo de selvagens corrompidos pelo hábito de almoçar gente será enfrentada pelos representantes não muito muito competentes da civilização (trata-se de civilização nos termos do Velho Oeste, entenda-se).

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Alguns dias depois desse horror, Purvis dará com os costados na cidadezinha de Bright Hope (“esperança luminosa”), uma minúscula ilha de paz diligentemente protegida pelo xerife Franklin Hunt. Interpretado por Kurt Russell com os mesmos bigodões fartos que ele usou em Os Oito Odiados, e também com o mesmo jeito de matuto esperto, o xerife Hunt gosta de se garantir: sempre que algum tipo suspeito adentra a cidade, ele já atira na perna do forasteiro e o mete na cadeia até que alguém venha julgá-lo e sentenciá-lo à forca (a justiça em Bright Hope é assim, rápida e rasteira). Purvis, porém, trouxe no seu rastro algo da barbaridade que despertou no deserto; durante uma noite, Bright Hope será visitada por rapto e morte. E, no dia seguinte, o xerife partirá, com um pequeno grupo, para tentar resgatar ainda com vida os raptados – seu xerife-assistente, o criminoso Purvis e Samantha, a ajudante do médico.

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Dividido em três atos bem distintos – o prólogo no deserto, uma pequena apresentação quase teatral dos tipos de Bright Hope, e a longa trilha em perseguição aos selvagens sequestradores – e filmados, cada um deles, com olho privilegiado para o estilo e a ambientação, Bone Tomahawk, ou “machadinha de osso” é um exemplar interessantíssimo dos “faroestes estranhos”, uma nova onda de westerns revisionistas e ultrapop, tão cheios de humor enviesado quanto de violência supergráfica e de ruminações filosóficas. Veja-se o absurdo do grupo que sai seguindo a pista dos canibais: além do xerife, ele inclui seu segundo assistente, o velhinho meditativo Chicory (Richard Jenkins, sensacional); o pistoleiro almofadinha John Brooder (Matthew Fox), que testemunhou o massacre de sua mãe e suas irmãs e odeia os índios com ardor; e Arthur (Patrick Wilson), o marido de Samantha, que pouco ou nada entende de trilhas – e está com a perna quebrada.

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Arrastando-se pelo caminho e cometendo erros crassos, o grupo consegue, afinal, chegar ao lugar em que está Samantha: um cenário horripilante, no qual Zahler encena atos de uma brutalidade de arrepiar os cabelos, e os acompanha com efeitos sonoros nauseantes (sugiro deixar os lanchinhos para depois do filme – isso se você ainda tiver algum apetite). Os selvagens canibais são tão corrompidos e depravados que Zahler nem pode mostrá-los de todo de uma só vez. Os horrores de sua toca vão sendo revelados aos poucos, para ir assim compondo o grande pesadelo da vida na fronteira: a sensação de que sempre haverá muito mais ameaças, lá fora, do que é possível domar ou sequer compreender.


RASTRO DE MALDADE
(Bone Tomahawk)
Estados Unidos/Inglaterra, 2015
Direção: S. Craig Zahler
Com Kurt Russell, Patrick Wilson, Richard Jenkins, Lili Simmons, Matthew Fox, David Arquette, Fred Melamed, Evan Jonigkeit

 

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