Educação: os desafios para os novos prefeitos
Para a maioria dos munícipes, a educação é o único meio para melhoria das condições de vida. Fora disso, é nascer rico ou ganhar na loteria.
Após uma pausa nas publicações, retomo o blog com uma nova série de artigos. Em meus últimos textos tratei das evidências sobre o que funciona em educação – e da necessidade do Brasil tomá-las como referência para avançar nesse setor. A partir de hoje escreverei, todas as quintas-feiras, um post sobre os principais desafios que os novos prefeitos enfrentarão na área da educação nos próximos anos, tema oportuno face ao início da corrida eleitoral nos municípios.
A série também vai incluir a cobertura da 2ª edição do Prêmio Prefeito Nota 10 – uma iniciativa do Instituto Alfa e Beto que visa estimular os municípios a promover a qualidade com equidade através do reconhecimento dos prefeitos que mais trabalharam para o avanço educacional nas escolas da rede pública.
Confira a seguir o primeiro texto dessa série:
Para melhorar a educação: o que o prefeito precisa saber
Esta série se destina aos novos prefeitos que vão assumir seus mandatos no próximo ano de 2017, mas espero que seja proveitosa para os atuais prefeitos e também para aqueles que irão votar e fazer as escolhas em cada município.
Para falar de educação há vários pontos de entrada – mas algumas portas e janelas abrem caminhos mais interessantes. Vamos a elas.
A perspectiva da população: para a maioria dos seus munícipes, a educação é o único meio para melhoria das condições de vida. Fora disso, é nascer rico ou ganhar na loteria. Quem frequenta a escola durante mais tempo tem mais oportunidades na vida e no trabalho. Quem conclui cursos mais avançados ganha mais do que quem fica pelo caminho. Quem tem melhores resultados pode ter acesso a cursos mais qualificados – que abrem maior oportunidades. O futuro de seus municípios, portanto, está nas mãos do prefeito. O sucesso do prefeito se conta pelo número de concluintes dos vários cursos, no tempo certo, pelo que eles aprenderam na escola e pelo desejo de continuar a estudar. A boa educação deixa marcas.
A qualidade da educação oferecida no Brasil é de péssima qualidade. Na maioria absoluta dos municípios brasileiros a educação infantil e o ensino fundamental são de péssima qualidade e, mesmo onde não são tão ruins, o resultado é modesto e dá para melhorar muito. Quais são os sinais vitais de um sistema educativo? O que o prefeito precisa saber sobre a saúde da educação em seu município? Este é o assunto do próximo post.
Por que o prefeito não pode deixar tudo por conta do secretário de Educação? Em educação não existem soluções mágicas, balas-de-prata ou ideias brilhantes que vão transformar a educação da noite para o dia. Com raríssimas exceções, o que precisa ser feito, e bem feito, é o trivial variado: fazer a escola funcionar. Mas é exatamente isso que as secretarias de Educação não têm sabido fazer. É curioso: o que precisa ser feito não é segredo, mas as secretarias têm dificuldade em entender e em fazer o que é preciso. Por isso o prefeito precisa entender um pouco do riscado.
De volta ao munícipe: como identificar o sucesso de uma reforma na educação? Tudo que interessa e faz diferença para o aluno acontece dentro da escola e dentro da sala de aula. Portanto, qualquer política ou reforma educacional só funciona quando é capaz de alterar o que acontece com o aluno na sala de aula. O resto é resto. O desafio consiste em saber como fazer isso e fazê-lo de forma adequada. É isso que muitos tentam e poucos conseguem.