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Qualquer coisa, joga a culpa no Supremo

Novo Bolsa Família esbarra desde 2020 em dificuldades levantadas pelo presidente Jair Bolsonaro e vira teste de resistência para o ministro Paulo Guedes

Por Clarissa Oliveira 14 set 2021, 12h40

Mais de um ano atrás, o ministro da Economia, Paulo Guedes, já não escondia a preocupação em garantir uma bandeira de reeleição para o presidente Jair Bolsonaro. Na época, Guedes surpreendia alguns de seus interlocutores ao colocar em segundo plano discussões como reformas e respeito ao teto de gastos, para discorrer sobre a necessidade de criar uma marca na área social.

 Em agosto de 2020, em uma conversa com o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, Guedes soltou: “Nós precisamos encontrar uma forma de tirar o Renda Brasil do papel. É isso o que vai de fato reeleger o presidente”, disse. Maia comentou o diálogo em uma roda regada a vinho com alguns parlamentares naquela mesma semana, na residência oficial da Presidência da Câmara. Disse que, ali, entendeu que “Guedes já tinha deixado a economia de lado, para colocar a política em primeiro lugar”.

O Renda Brasil, naquela época, era o nome pensado pelo governo para o novo Bolsa Família, agora rebatizado de Auxílio Brasil, para tentar associar o novo programa ao Auxílio Emergencial concedido durante a pandemia. Guedes formulou e reformulou propostas de financiamento do programa. Esbarrou recorrentemente na resistência do próprio Bolsonaro. O presidente reclamava de passar a mensagem de que iria apenas maquiar o Bolsa Família do PT. Torcia o nariz para um novo imposto sobre transações financeiras. Reclamava de fundir o Orçamento do Bolsa Família com o de outros programas sociais.

O Auxílio Brasil começou a ser pensado lá atrás. Antes mesmo da pandemia do coronavírus. Naquele tempo, a proposta ainda estava sob guarda-chuva do então ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni. Falava-se em otimizar o uso de recursos do Orçamento e em criar uma porta de saída, um plano de reinserção dos beneficiários no mercado de trabalho. No governo, ninguém duvida que o programa segue sendo uma peça-chave da reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Mas até agora ninguém achou uma solução definitiva sobre como pagar a conta.

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Depois de tantas tentativas, Guedes veio com uma nova solução: o parcelamento de precatórios. Que levou meses para ser negociada. Uma solução que dependeria de uma boa vontade do Supremo Tribunal Federal (STF). E aí vem o presidente e estica a corda, ataca duramente os ministros do tribunal no 7 de setembro e aprofunda uma crise institucional que já estava anunciada. 

Há poucos dias, Guedes reclamou dos discursos de Bolsonaro com um interlocutor. “Estava tudo pronto, tudo negociado”, queixou-se o ministro.  Como mostrou a apuração da repórter de Veja, Letícia Casado, Guedes tem contado com um aliado no próprio Supremo para tentar reverter o quadro, o ministro Gilmar Mendes. Se as conversas andarem como o governo quer, ótimo. Fica a mensagem de que o diálogo entre os Poderes está sendo restaurado para dar andamento a uma agenda de governo. Se tudo der errado, tudo bem. É só jogar a culpa no próprio Supremo. 

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