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Por Coluna
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Por que o Brasil não muda?

O que nos cansa a beleza é que o caso do Brasil tornou-se absolutamente translúcido. Ocorre aqui a exploração da nação por um estamento burocrático

Por Fernão Lara Mesquita
Atualizado em 30 jul 2020, 20h29 - Publicado em 20 abr 2018, 15h13

Fernão Lara Mesquita (publicado no Vespeiro)

Antes de mais nada, porque nunca nos propusemos a isso. Nem antes nem depois do início do presente tiroteio condenou-se “o sistema”.  Condena-se apenas quem está em posição de opera-lo hoje. Disputa-se apenas que “lado” será o próximo a ter a primazia de dirigi-lo.

O “empréstimo” de Joesley está para os crimes atribuídos a Aécio como o triplex do Guarujá para os de Lula e a sonegação de impostos para os de Al Capone, menos pelo pormenor de que nos Estados Unidos pode-se passar a vida inteira na cadeia por deixar de pagar o imposto devido ao povo, enquanto aqui o melhor com que se pode sonhar para os culpados por roubar o imposto efetivamente pago pelo povo é que levem alguma canseira passageira, mas preservem-se incólumes, como eternamente “deles”, a espoliada Eletrobras, dona de Furnas, a Petrobras coletivamente estuprada e a JBS para onde foi transferida a montanha de ouro surrupiada pelo PT, as nomeações para “empregos” eternos nas encruzilhadas por onde fluem os dinheiros mais grossos da República, os “auxílios” auto-outorgáveis, as aposentadorias 36 por 1 (na média) e o resto dos privilégios que ampliam em metástase o favelão nacional e definem a nossa medieval sociedade de castas.

Caça às bruxas? De maneira nenhuma, porque, as nossas, provada e comprovadamente “las hay”. Está tudo certo, ou quase, no pouco que faz quem realmente tem tentado honestamente fazer por dentro do sistema, menos pelo fato de, no final das contas, a reserva ser privativa de 6 entre 11 “egrégios”, “excelentes”, “magníficos” caçadores que mantêm a proibição do tiro ao Judiciário por tudo menos, porque não exista caça grossa por lá, e mais o bloqueio de qualquer reforma que atinja mais que indivíduos selecionados para aplacar a fome ancestral de punibilidade do povo brasileiro. Sendo tão poucos os caçadores licenciados é impossível que esse poder não se transforme em corrupção, senão a boa e velha pelo dinheiro, certamente, a corrupção pelo poder. E, assim, permanecemos paralisados para que o tiroteio possa prosseguir sem que, no entanto, haja qualquer esperança real de que se mate “o bicho” no final.

Ficaria tudo perfeitamente bem se quem decidisse quem vai ou não para a fogueira fosse o eleitor na sua sempre exata sabedoria média, não apenas de quatro em quatro anos, mas antes, durante e sobretudo depois de depositar o seu voto na urna. Os direitos de retomada de mandatos e de referendo e inciativa legislativas a qualquer momento, mais o de reconfirmação periódica de juízes para que não se dê dois passos atrás a cada um dado para adiante, são as formas consagradas nas democracias que vão além da mentira para armar o poder que a Constituição atribui ao povo de ser a única fonte de legitimação do processo republicano. É o único remédio capaz de curar o estado de falsificação e descrédito geral de todas essas nossas instituições e “instâncias de representação” que se auto atribuíram um “direito legal” à autonomia em relação aos seus representados, e de repor as coisas andando na direção e na velocidade certas.

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O que nos cansa a beleza a todos é que o caso do Brasil é absolutamente translúcido. Trata-se da opressão e da exploração vil de uma nação inteira por uma anti-elite numericamente insignificante que vive do expediente de controlar as ferramentas de amplificação de som do país para soterrar todo e qualquer argumento racional que se aplique para descreve-la como o que é com a repetição à exaustão do mantra de que as vítimas é que são os culpados e os culpados as vítimas. E quando até isso falha, jogar no fogueira mais um culpado ─ que todos são, basta escolher ─ para dissolver em emocionados “contras” e “a favores” qualquer esperança de dar tratamento às causas de que essas culpas individuais são mera consequência.

Cinco estados brasileiros, o Rio de Janeiro acima e à frente de todos clamando aos céus onde é que tudo isso vai parar, já têm mais funcionários aposentados que funcionários ativos em número de “cabeças”. Da soma de proventos então, nem vamos falar. Outros nove estão empatados: têm tantos aposentados quanto ativos. E todos os outros, sem exceção, estão presos na espiral geométrica dos aumentos dos proventos “deles” à custa da redução dos nossos que condenam à míngua acelerada serviços essenciais como os de educação, saúde e segurança pública dos quais dependem não só o futuro imediato de cada um de nós individualmente como também a sobrevivência da nossa quase democracia.

O governo federal sozinho tem um rombo projetado de 250 bilhões por ano (por enquanto). Somados os estados, em cálculos hipotéticos, porque a realidade muda em velocidade maior que o tempo que se leva para levantar os dados da conta inteira, o rombo vai a mais de 400 bilhões. Mas apenas uma das “pautas bombas” armadas no Congresso poderia levar essa cifra para 660 bilhões até 2020, isto é, 65% a mais em um ano e meio. E, no entanto, tudo isso se dá às vésperas de uma eleição presidencial onde todos os lados evitam sequer mencionar esse probleminha “impopular” para quem tem, como todos eles têm, os ouvidos colados em Brasilia, a pátria da privilegiatura, ou incuravelmente entupidos pelo lodo da censura instalada na academia e em parte da mídia.

Não é atoa que o “involucionário” José Dirceu, mais um dos condenados por corrupção em liberdade condicional com “claque” da tragicomédia nacional, incitava a esquerda roubona pela internet, esta semana, a “não deixar o governo funcionar” (este que propôs e quase conseguiu fazer as reformas de que foi demovido a socos e pontapés ou qualquer outro menos os dela). Está pra lá de claro que a situação presente do Estado brasileiro é insustentável e basta não agir para que caiamos numa ditadura armada, a única forma de manter de pé a equação venezuelana que se vai configurando nos nossos rios de janeiros. O difícil é saber para onde fugiremos todos, nós e os fugitivos da Venezuela, se “o sonho” de fato recomeçar.

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