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O acordo com o PR mostra que, para o PSDB paulista, a honra agora vale menos que 1 minuto e meio no horário eleitoral

O jornalista Carlos Brickmann escreveu em sua coluna a nota que se segue. Volto no fim. COMPANHEIRO É COMPANHEIRO Daqui a pouco vai fazer um ano: o PSDB e o DEM pediram à Procuradoria-Geral da República que investigasse denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes, controlado pelo PR. Há a citação de alguns nomes, entre […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 08h41 - Publicado em 5 jun 2012, 17h43

O jornalista Carlos Brickmann escreveu em sua coluna a nota que se segue. Volto no fim.

COMPANHEIRO É COMPANHEIRO
Daqui a pouco vai fazer um ano: o PSDB e o DEM pediram à Procuradoria-Geral da República que investigasse denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes, controlado pelo PR. Há a citação de alguns nomes, entre eles o deputado federal Valdemar Costa Neto e o então ministro Alfredo Nascimento.

Exatamente onze meses depois, o ex-ministro Alfredo Nascimento, em nome do PR, levou o apoio do partido a José Serra, candidato do PSDB e DEM (e vários outros partidos) à Prefeitura de São Paulo. O acordo foi articulado pelo comandante supremo e incontestável do PR em São Paulo, Valdemar Costa Neto.

O caro leitor não entendeu nada? Ainda bem.

Parafraseando Bismarck, o unificador da Alemanha, “quanto menos soubermos como são feitas a política e as salsichas, melhor dormiremos à noite”.

A coisa é um pouco pior. O PR é mais que uma quadrilha expulsa do Ministério dos Transportes graças às denúncias da imprensa independente. É o atual codinome do bando que, disfarçado de PL, ajudou a fundar o mensalão em meados de 2002, num encontro no apartamento do deputado petista Paulo Rocha em Brasília. A sigla já sob o controle de Waldemar Costa Neto foi representada pelo senador José Alencar. Em nome do PT, compareceram Lula, José Dirceu e Delúbio Soares. O contratato de aluguel estabeleceu que o PL receberia R$4,8 milhões para apoiar a dobradinha Lula-Alencar no duelo com o tucano José Serra.

Agora candidato à prefeitura paulistana, Serra entendeu que, por 1 minuto e meio a mais no horário eleitoral gratuito, valeria a pena considerar prescrito o acordo criminoso celebrado há dez anos ─ e fazer de conta que o PR não foi varrido do primeiro escalão por assalto aos cofres públicos. “Estou fazendo uma aliança com o partido, não com pessoas”, desconversou. Como se fosse possível juntar-se ao PT e manter distância de Lula. Como se fosse possível uma aliança com o Comando Vermelho sem o aval de Fernandinho Beira-Mar.

Em troca de 1 minuto e meio na TV, o PSDB vai andar de mãos dadas com o senador Alfredo Nascimento, despejado do Ministério dos Transportes por corrupção, fingir que o deputado Tiririca é intelectual desde bebê e, pior, amancebar-se com Valdemar Costa Neto, vulgo Boy. Hoje deputado federal e secretário-geral do PR, Boy é um prontuário ambulante de alta periculosidade.

Foi ele quem teve a ideia de chamar a modelo Lilian Ramos para fazer companhia ao então presidente Itamar Franco no camarote na Sapucaí. A bela jovem sem calcinha virou primeira-dama por uma noite. Um dos fundadores do mensalão, Boy tornou-se em 2005 o primeiro parlamentar a renunciar ao mandato para escapar da cassação inevitável. Recuperou o gabinete na Câmara na eleição seguinte e nunca perdeu o acesso direto aos cofres do Ministério dos Transportes.

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Em julho de 2011, quando foi descoberta a mais recente safra de escândalos, achou prudente afastar-se das cenas do crime espalhadas por Brasília. Terá tempo e espaço de sobra para agir em São Paulo. Os 90 segundos na TV vão garantir-lhe o direito de infiltrar comparsas na prefeitura da capital e e no governo estadual. Geraldo Alckmin também prometeu apoio aos candidatos do PR na região de Mogi das Cruzes, berço e bunker do notório vigarista.

“Se for proibido fazer coligações com partidos que têm pessoas que estão no processo, o PT não poderia nem disputar a eleição, porque foi ele quem coordenou e comandou a organização desse chamado mensalão”, tentou sair da areia movediça José Serra. Afundou mais um centímetro ao ressaltar as semelhanças entre o PSDB e o PT num momento que recomenda aos berros que aprofunde as diferenças entre um partido e uma organização fora-da-lei.

Afundou mais dois centímetros ao referir-se à maior roubalheira da história republicana como “esse chamado mensalão”. Como o julgamento da quadrilha chefiada por José Dirceu deverá começar em agosto, a dois meses da eleição, é possível que Serra esteja ensaiando a retificação do discurso de campanha. Costa estará no banco dos réus, e não convém melindrar um parceiro de palanque. Por 1 minuto e meio no horário eleitoral,  os tucanos paulistas se proibiram de transformar em trunfo político o mais vistoso desfile de larápios já transmitido ao vivo pela TV.

O acordo com o PR escancara, mais uma vez, o abismo que separa a oposição oficial da oposição real, formada por brasileiros que respeitam a lei, os valores morais e as normas éticas, não cedem à tentação de justificar o injustificável, não fazem concessões ao farisaísmo, à hipocrisia e à pouca vergonha, não aceitam a tese de que, em política, só é feio perder a eleição. A oposição oficial teima em ignorar que a oposição real não tem bandidos de estimação. O eleitorado  honesto está farto de votar por exclusão e escolher o mal menor.

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O país que presta insiste em ver as coisas como as coisas são. E o que vê informa que, para o PSDB paulista, a honra agora vale menos que 90 segundos na TV.

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