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Augusto Nunes

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“Crônica da morte que falhou” e outras notas de Carlos Brickmann

Tenho duas histórias para contar, a respeito da liberação de armas para jornalistas: nas duas, se estivesse armado, não teria como sair vivo

Por Carlos Brickmann
Atualizado em 4 jun 2024, 16h13 - Publicado em 12 Maio 2019, 07h07

Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

Não gosto de armas: balas aleijam e matam. Mas não entro na discussão sobre porte de armas na segurança pública. Na Suíça e em Israel, onde cada cidadão tem em casa armas poderosas, e no Japão, onde civis raramente podem ter qualquer tipo de arma, o índice de criminalidade é baixo.

Mas tenho duas histórias para contar, a respeito da liberação de armas para jornalistas: nas duas, se estivesse armado, não teria como sair vivo.

Uma ocorreu no Brasil, uma no Uruguai. No Brasil, por sorte de repórter, fui à casa onde tinha ficado prisioneiro o embaixador americano Charles Elbrick, sequestrado por militantes da luta armada. Cheguei instantes antes do fechamento da rua e entrei na casa. Cada serviço de informações (lá havia vários) achava que eu pertencia a outro. Eu achava que as notícias estavam liberadas, já que tudo o que perguntava me respondiam. A folhas tantas, liguei para o Jornal da Tarde, no Rio, e pedi um fotógrafo. Não havia ninguém disponível. Explodi: “Que cazzo de jornal que nem tem fotógrafo?”.

Segundos depois, estava diante do cano de uma pistola. Um senhor de farda queria saber de que jornal se tratava e, enfim, quem era eu? Ali mesmo me revistaram, apreenderam minhas anotações e meus documentos, me puseram entre dois soldados com metralhadoras. “Se tiver arma, é um deles”. Não tinha armas, fui liberado e avisado de que não poderia publicar nada. Publiquei tudo, mudei de hotel. E, creio, esqueceram de mim.

 

El coche de la Policía

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No Uruguai, os tupamaros enfrentavam o regime (a caminho de uma ditadura militar). Tinha contatos com os dois lados. Aluguei um Maverick, que seria lançado aqui (outra matéria!) Convidaram-me para uma reunião de tupamaros e segui para lá de Maverick. Fui bem recebido, até que alguém cochichou algo ao líder do grupo. Fui cercado por jovens armados que queriam saber por que eu guiava um Maverick e como saberia que era o carro favorito da Polícia, como o Falcon na Argentina? Instrução: “Viu demais. Se tiver arma, deem um jeito”. Não tinha arma, meu contato teve tempo de garantir que eu era repórter mesmo. A falta de armas me salvou.

 

Ficando fraco

Quando Bolsonaro assumiu, seu Governo se apoiava em Moro e Guedes. Moro, pela reputação e popularidade; Guedes, por ser bem aceito pelo mercado. Guedes, com poucos tropeços, continua poderoso; Moro, com seguidas derrotas, a última das quais o bloqueio do Congresso à transferência do Coaf (que segue as movimentações financeiras), para sua pasta, vem murchando. Já perdeu umas sete batalhas, e duas vezes na questão das armas. Não acha que, com a população armada, o crime se reduza. Não acha, mas aceitou. E já disse que seu sonho maior é ir para o Supremo. Ok, Bolsonaro agora sabe que ele não reage quando contrariado. Sabe também qual a chave para mantê-lo tranquilo. Moro continua sendo mais bem-visto do que Guedes e o próprio Bolsonaro, mas era maior em Curitiba do que é em Brasília.

 

A grande pergunta

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Moro e os procuradores da Lava Jato são encarados com desconfiança por parlamentares. Óbvio: já ficou claro que não querem negociação e que, se desconfiarem de alguém, farão a denúncia escandalosa, com o alvo sendo preso para prestar depoimento. Qual possível vítima quer dar-lhes poder?

 

A voz do alto

O deputado federal Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, o 03 e o 02, iniciaram campanha (pelo Twitter, sempre) para que o Coaf fique com Moro. Mas chamou a atenção o desinteresse do presidente e do ministro Onyx Lorenzoni pelo destino do Coaf. Seu silêncio ensurdeceu o plenário.

 

Andando de lado

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A pesquisa é do Ipespe, para a XP, que visa dar informações precisas a seus investidores. A popularidade do Governo caiu, mas dentro da margem de erro: os que o consideram ruim ou péssimo passaram de 26% para 31%, provavelmente com a adesão de pessoas que antes não tinham opinião. A porcentagem dos que acham o Governo bom ou ótimo se manteve estável.

 

Subindo

Quem cresceu na avaliação é o vice Hamilton Mourão, com 39% de ótimo e bom. Já 20% o consideram ruim ou péssimo. Como veem a contribuição de Mourão para o Governo? Ampla maioria, 82%, a avaliam como positiva ou neutra; e 20% consideram que a contribuição do vice é negativa.

 

Previdência

Pela primeira vez, a pesquisa XP Ipespe perguntou aos entrevistados o que acham da reforma da Previdência proposta pelo Governo. Divisão quase meio a meio: 50% contra (dos quais 22% acreditam, porém, que algum tipo de reforma tenha de ser feito); 45% a favor (dos quais 21% discordam de partes do projeto). E 75% acham que o Congresso aprovará a reforma.

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