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A paz da esclerose

ARTIGO PUBLICADO NA EDIÇÃO DE VEJA DESTA SEMANA J. R. Guzzo A presidente Dilma Rousseff ganhou de presente, poucos dias antes de assumir o cargo, uma chance de ouro para mostrar a todo mundo que o Brasil está de fato sob nova direção. Para começo de conversa, se quisesse aproveitar a oportunidade que lhe surgiu […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 13h14 - Publicado em 3 jan 2011, 16h22

ARTIGO PUBLICADO NA EDIÇÃO DE VEJA DESTA SEMANA

J. R. Guzzo

A presidente Dilma Rousseff ganhou de presente, poucos dias antes de assumir o cargo, uma chance de ouro para mostrar a todo mundo que o Brasil está de fato sob nova direção. Para começo de conversa, se quisesse aproveitar a oportunidade que lhe surgiu à frente, iria provar que o Palácio do Planalto, a partir de agora, tem uma chefe que não está disposta a passar os próximos anos arrumando desculpas para salvar a pele de subordinados que desmoralizam seu governo.

Também informaria a aliados, a adversários e ao público em geral que não tem medo de usar a sua autoridade todas as vezes que achar necessário ─ mesmo que ainda pareça “muito cedo” para isso, pois exerce o tipo de liderança que prefere agir com pressa a agir tarde demais. A presidente deixaria claro, enfim, que enquanto ocupar seu cargo ninguém em seu governo, por mais poderoso que se sinta ou por mais fortes que sejam os seus padrinhos políticos, está livre de ir para o olho da rua no preciso momento em que pisar no tomate. Em suma: Dilma Rousseff poderia começar sua Presidência com um notável “choque de respeito”. Seria ótimo para ela. Seria ótimo para o país.

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O melhor dessa história é que o custo da decisão a tomar seria muito baixo. Bastaria demitir do Ministério do Turismo o ex-deputado Pedro Novais, do PMDB do Maranhão ─ um político de 80 anos de idade que jamais deixou alguém perceber, durante toda a sua longa carreira, que tivesse qualquer competência para exercer o cargo que recebeu. A demissão não seria por esse motivo, é claro, pois Novais não é especialmente mais inepto que a maioria dos seus colegas de ministério. Seu problema é outro, ou melhor, é o mesmo de sempre. O ex-deputado foi pego, segundo revelou O Estado de S. Paulo, pagando uma conta de motel de 2156 reais com dinheiro público ─ um caso interessante de ministro que consegue deixar o governo no ridículo antes mesmo de completar sua primeira jornada de trabalho na função para a qual foi nomeado.

Na mesma linha, e para vitaminar um pouco mais sua mensagem ao Brasil, Dilma poderia desconvidar a ex-senadora Ideli Salvatti, do PT de Santa Catarina, que acaba de perder uma eleição em seu estado e recebeu como recompensa, segundo a praxe petista, um emprego no governo federal. No seu caso, deram-lhe esse misterioso Ministério da Pesca ─ repartição pública de utilidade até hoje desconhecida e da qual só se sabe, com certeza, que jamais pescou uma única sardinha em seus oito anos de existência. O pecado de Ideli? Chega a ser monótono, mas é o mesmo de Novais: pagou despesas pessoais de hospedagem com dinheiro do Erário, de acordo com revelação da Folha de S. Paulo. A diferença é que gastou num hotel de Brasília e que a conta ficou na casa dos 4000 reais.

Nem o Brasil nem o governo Dilma iriam entrar em crise, obviamente, se a administração pública federal deixasse de contar pelos próximos anos, e desde já, com a colaboração do ex-deputado Novais e da ex-senadora Ideli. O futuro ministro do Turismo, pelo que se diz, tem a proteção de peixes graúdos do PMDB ─ o veterano deputado Henrique Alves e o senador José Sarney. Mas e daí? Nem o mais crédulo dos brasileiros que acompanham um pouco o noticiário político imagina que qualquer um dos dois, e menos ainda o PMDB, romperia com o governo se Dilma dispensasse os serviços de Novais; Sarney, aliás, já disse que não tem nada a ver com a nomeação dele, nem, Deus nos livre, com as suas contas de motel. Com a desnomeação de Ideli, do mesmo jeito, não aconteceria nada demais; a única preocupação do PT seria emplacar alguém no seu lugar, o mais rápido possível. Final feliz para um começo feliz.

Mas o governo Dilma é apenas o governo Dilma; não pode dar mais do que tem. Prefere um ministério opaco e que já vem bichado, mas tem a paz das situações de esclerose, a assumir o mínimo risco de mudar alguma coisa para melhor.

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O mundo dos intelectuais, artistas e gente de cultura ficaria chocado, ou deveria ficar, se prestasse um pouco mais de atenção ao que está acontecendo com o cineasta iraniano Jafar Panahi. Ele foi condenado a seis anos de prisão por ter dado apoio ao candidato da oposição nas eleições de março de 2010 ─ mas isso é só uma parte do seu problema. Panahi também foi proibido de filmar pelos próximos vinte anos; não poderá escrever roteiros para outros cineastas, nem viajar para o exterior, nem dar nenhum tipo de entrevista. Vai ficar vivo, mas terá de morrer profissionalmente.

É o “amigo Ahmadinejad” em ação.


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