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Por Filipe Vilicic
Crônicas do mundo tecnológico e ultraconectado de hoje. Por Filipe Vilicic, autor de 'O Clube dos Youtubers' e de 'O Clique de 1 Bilhão de Dólares'.
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O que está em jogo se o Facebook não conseguir se limpar?

Reportagem mostra como a empresa de Zuckerberg trabalha pesado para eliminar posts que promovam violência, ódio e terrorismo. Mas e se não der certo?

Por Filipe Vilicic Atualizado em 13 jun 2019, 10h04 - Publicado em 13 jun 2019, 08h30

Em VEJA desta semana, assino reportagem fruto de visita ao centro de revisores de conteúdo do Facebook em Barcelona. Esses profissionais são responsáveis por peneirar o que entra e o que não entra no site no Brasil, no restante da América Latina e em parte da Europa. Confira o texto no site ou na revista para um mergulho aprofundado nas questões envolvendo a sensível tarefa de monitorar e caçar grupos terroristas, pedófilos, traficantes, promotores de violência e ódio e etc. na internet. Agora, neste blog, levanto um debate: o que acontece se o Facebook não conseguir se limpar como promete?

Antes de tudo, é preciso entender o histórico do site, que se mescla ao de ascensão das redes sociais. Nos primeiros anos do Facebook – de seu surgimento modesto em 2004, como uma rede de conexão de universitários americanos, a 2016, quando já registrava em torno de 2 bilhões de usuários de todo o mundo, em patamar que se mantém –, a companhia do empreendedor Mark Zuckerberg recebia, majoritariamente, elogios pelas transformações ocasionadas pela mídia social que criou.

Celebrava-se, por exemplo, como o site havia aproximado indivíduos de culturas distintas, diminuindo pela metade os tradicionais 6 graus de separação entre quaisquer pessoas do planeta – agora, a distância é de 3 graus. Em consequência, com efeito positivo para a liberdade de expressão, a facilidade de comunicação e para o ambiente democrático.

“Para as pessoas se governarem, precisam de informação. Também necessitam transmiti-la. Mídias sociais tornaram isso muito mais fácil”, resumiu (em artigo escrito por incentivo do próprio Facebook) o advogado Cass Sunstein, professor de Harvard e que fora administrador do Escritório da Informação da Casa Branca na administração de Barack Obama. Nos últimos anos, o jogo virou completamente.

A empresa de Zuckerberg foi acusada de servir de plataforma para interferência russa no pleito presidencial americano em 2016 e o WhatsApp, de propriedade da companhia, teve papel decisivo no convencimento de brasileiros nas últimas eleições, em 2018, que culminaram na vitória de Jair Bolsonaro, um candidato impulsionado pelas mídias sociais.

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No ano passado, Zuckerberg foi convocado a depor ao Congresso dos Estados Unidos e a ONU denunciou o site como “um instrumento útil para aqueles que procuram espalhar o ódio”. No último dia 15 de março, um terrorista solitário transmitiu, ao vivo, ataques a mesquitas na Nova Zelândia que vitimaram 51 pessoas. O destino da gigante das redes sociais, por onde circulam 2 bilhões de pessoas de todas as nacionalidades, agora depende de se ela conseguirá criar ferramentas para monitorar, controlar e combater os problemas que ela própria criou para si.

Na reportagem em VEJA, faço uma radiografia do trabalho dos 15 mil revisores de conteúdo do Facebook. Em outro post deste blog é possível conferir mais detalhes de bastidores. Por fim, há ainda um vídeo que exibe, em números, o tamanho da tropa de Mark Zuckerberg.

A questão que fica: o que ocorrerá se o Facebook não se provar eficiente em se regular, se monitorar, se limpar sozinho? Caso Zuckerberg e cia. não tenham sucesso, provavelmente governos serão chamados para limpar o Facebook.

“Os erros da companhia – as atrapalhadas práticas de privacidade (…), a lerdeza em responder à ação de agentes da Rússia, a retóricas violentas e às fake news; e o esforço sem limites para capturar cada vez mais de nosso tempo e atenção – tomaram as manchetes. Eu sinto raiva e responsabilidade”, escreveu o empreendedor norte-americano Chris Hughes, um dos fundadores do Facebook, do qual se afastou faz uma década, em artigo crítico publicado no jornal The New York Times há um mês. Hughes definiu o Facebook como uma “empresa gigantesca” que “ameaça a democracia” e indicou que seria preciso “quebrá-lo”.

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Há hoje três destinos possíveis para a companhia de Zuckerberg. Ou ela resolve os problemas que ela mesma criou, gerenciando melhor o conteúdo liberado na rede. Ou, como apontou Hughes, crescem duas alternativas.

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Primeiro, o Facebook pode ser realmente “quebrado”, com o Congresso dos EUA forçando que se venda duas das então startups que adquiriu, o WhatsApp e o Instagram, para fomentar a competição no mercado (e a busca de soluções para os problemas que surgiram). Segundo, e ao que se indica é o mais provável, governos, em especial o dos EUA e a União Europeia, podem aumentar a regulamentação e fiscalização das empresas por trás das redes sociais, com punições cada vez maiores – e mais caras – para as falhas.

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