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Projeto em Noronha gera retorno oito vezes maior do que o valor investido

ONG promove pesquisa e educação ambiental há três décadas e atua na capacitação de pessoas como forma de proteger a natureza

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 mar 2022, 19h02 - Publicado em 9 mar 2022, 18h17

Fernando de Noronha registrou visitação recorde em 2021. No ano passado, 114 mil turistas passaram pelo arquipélago, enquanto em 2019, antes da pandemia de coronavírus, 106 mil visitantes foram à ilha.

Desde 1990, a ONG Centro Golfinho Rotador atua com pesquisa e educação ambiental para promover a preservação da natureza, o grande atrativo para milhares de pessoas em busca de praias paradisíacas e contato com a vida marinha, e, principalmente, para fortalecer a conservação dos golfinhos-rotadores que habitam as águas de Noronha.

Uma das vertentes da ONG é o Projeto Golfinho Rotador, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, e um novo relatório mostrou que o investimento na iniciativa trouxe benefícios para o meio ambiente, para a sociedade e para a empresa.

Em janeiro deste ano, por meio do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), foi publicado o relatório de avaliação de impacto social do projeto, que se baseou em uma análise de custo-benefício.

Ao considerar o ciclo de 2018 a 2020, a análise revelou que a cada R$ 1 investido no Projeto Golfinho Rotador, R$ 8,36 foram gerados em valor socioambiental. Ou seja, o impacto socioambiental gerado foi oito vezes maior que o valor investido. 

Essa conta não se trata de um retorno financeiro direto. O valor se reflete em benefícios como capacitação profissional, educação ambiental, incidências em políticas públicas, pesquisa científica e de acesso ao esporte e à cultura.

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Para a coordenadora de educomunicação ambiental e sustentabilidade do Projeto Golfinho Rotador, Cynthia Gerling, o resultado mostra como esse tipo de iniciativa é positivo para o projeto beneficiado, para a empresa e para a sociedade como um todo. “Muitas vezes, as pessoas têm a sensação de que a sustentabilidade, na prática, é algo muito complicado ou que demanda ter recursos para investir em tecnologia. A realidade é que não é tão complicado e ações simples geram grandes melhorias na vida das pessoas”, disse.

Educação ambiental na primeira infância em Fernando de Noronha
A coordenadora de educomunicação ambiental e sustentabilidade do Projeto Golfinho Rotador, Cynthia Gerling, em uma atividade com crianças. (Acervo do Projeto Golfinho Rotador/Divulgação)

Um exemplo prático é o aproveitamento máximo da água, já que a ilha não tem uma fonte natural de água doce. “Uma dica que ensinamos foi encher galões para reaproveitar a água que pinga do ar-condicionado. Ela não é própria para consumo, mas pode ser usada para lavar louça e a limpeza geral, por exemplo”, explicou.

Parece simples, mas Gerling conta que foi essa a água que salvou a operação de diversas pousadas quando o dessalinizador da ilha apresentou uma falha. “Naquele momento, o problema era ter uma louça limpa para o café da manhã do dia seguinte. Se o ar-condicionado fica ligado o dia inteiro, aquelas poucas gotas que pingam geram um acúmulo grande de água”.  

Enquanto o aumento de turistas representa boas notícias para quem depende da prestação de serviços, há preocupação com a falta de investimento em infraestrutura para acompanhar esse crescimento populacional, mesmo que sazonal.

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“Seria muito positivo se tivéssemos mais projetos como o nosso em Noronha e com mais recurso para a contratação de pessoas”, disse Gerling. O movimento é uma tendência global. Em 2021, cerca de 120 bilhões de dólares foram investidos em fundos ESG, a sigla que representa as ações de impacto positivo nas áreas econômica, social e ambiental. A quantia foi um recorde para o setor – em 2020, o montante ficou em torno de 51 bilhões de dólares. 

O trabalho com as pessoas, tanto os turistas quanto os moradores, é uma forma de minimizar os impactos para os golfinhos-rotadores. Com base nas ações de monitoramento, Gerling explica que a população de golfinhos não diminuiu, mas eles mudaram de comportamento e passaram a frequentar outro lugar do arquipélago.

Enquanto ainda faltam estudos para chegar a uma resposta concreta, uma das hipóteses é que o turismo náutico pode ter atrapalhado a rotina dos golfinhos, e assim eles buscaram uma região mais segura, abrigada e com menos ruído de motores. 

“O que sempre falamos para os prestadores de serviço é que, por ele ser um golfinho oceânico, ele não precisa de Noronha para ficar bem. O golfinho-rotador procura as águas calmas durante o dia para ficar tranquilo, mas ele também vai ficar bem em outros locais”, disse Gerling. “Agora, o turismo precisa de Noronha. Grande parte das pessoas saem de barco para ver golfinhos”. 

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