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Nem tudo são flores: o impacto do aquecimento global em polinizadores

Pesquisadores simularam condições de mudanças climáticas para analisar os efeitos nas relações entre insetos e flores silvestres

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 23 fev 2022, 17h59

As mudanças do clima vão gerar impactos nas relações ambientais de todas as proporções: desde o derretimento de geleiras até a sobrevivência de insetos. De acordo com estimativas do IPCC, órgão da ONU que analisa centenas de estudos científicos e elabora relatórios sobre mudanças climáticas, a temperatura média global vai aumentar entre 0,9ºC e 2,0ºC até a metade deste século. Consequentemente, muitas espécies, principalmente aquelas com necessidades específicas com relação a alimentos, habitat e reprodução, não vão conseguir se adaptar.

Atualmente, cerca de 35% das plantações dependem de insetos para a polinização. Em um cenário de mudança do clima, é preciso compreender melhor quais serão os impactos nos insetos e nas flores silvestres das quais eles dependem para se alimentar. O objetivo é ter cada vez mais informações qualificadas para desenvolver estratégias de mitigação para os efeitos negativos do aquecimento global nas produções agrícolas.

Pesquisadores da Universidade Newcastle, no Reino Unido, conduziram o primeiro estudo que mostra, de forma experimental, os efeitos imediatos da mudança do clima no processo reprodutivo de flores silvestres e na cadeia alimentar de plantas e polinizadores. De acordo com a autora principal do estudo, a cientista Ellen D. Moss, “o aumento de 1,5ºC na temperatura pode reduzir drasticamente os recursos alimentares para insetos polinizadores, o que os levará a buscar uma gama maior de plantas em busca de comida e a reduzir a produção de sementes para algumas flores”.

Para fazer o experimento, os autores simularam o aquecimento global em uma estação de pesquisa agrícola no Reino Unido e compararam os dados de 2014 e 2015. A temperatura ambiente ficou, constantemente, 1,5ºC acima da média. Em algumas regiões da Europa, a previsão é que a mudança do clima irá aumentar os índices de chuvas. Por isso, os locais do estudo foram irrigados com mais água para comparar os resultados.

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Os pesquisadores observaram 25 espécies de plantas e 80 espécies de insetos em 2014, e 19 espécies de plantas e 69 espécies de insetos em 2015. Os efeitos imediatos do experimento foram sutis – a maioria das espécies de plantas foram consideradas “perdedoras” com relação à reprodução no contexto de aumento da temperatura, pois houve redução no número de flores e de sementes.

De acordo com os cientistas, o experimento mostrou que no cenário de aumento de 1,5ºC, houve perda de quase 40% nas unidades de flores, o que representa redução significativa na disponibilidade de alimentos para os polinizadores. “Nossos resultados demonstram que o aquecimento do planeta pode ter consequências severas para algumas espécies de flores silvestres e seus polinizadores nos sistemas agrícolas. Isso mostra que a composição da comunidade provavelmente mudará no futuro”, disse Moss.

Segundo o co-autor e professor de ecologia e conservação da Universidade Newcastle, Darren Evans, os resultados mostram como o aquecimento global afeta plantas que não são cultivadas e como espécies consideradas como ervas daninhas sustentam importantes comunidades de insetos polinizadores. “Além disso, ter uma melhor compreensão sobre como o aquecimento global afeta as ações diretas e indiretas de uma rede mais completa de interações de espécies nos permitirá adaptar melhor os sistemas agrícolas em um mundo em transformação”.

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