História em chamas: o trágico Incêndio do Museu Nacional
Como o Brasil perdeu um imenso e valioso acervo do Museu Nacional do Rio por pura negligência
No palacete de três andares em estilo neoclássico sobraram as paredes ocas e as imponentes portas de ferro da entrada. Quase todo o resto foi consumido pelas labaredas do incêndio que assolou o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, durante sete horas, a partir do começo da noite de domingo 2. E que resto: mais de 20 milhões de peças de um dos maiores acervos de história natural e antropologia das Américas. Como pôde acontecer um desastre desses? Quem falhou? Respostas vieram, aos borbotões, enquanto o fogo engolia o prédio de mais de 200 anos na Quinta da Boa Vista, Zona Norte da cidade, antiga sede do Brasil imperial, residência de dom Pedro II e, até a última semana, um pulsante centro de produção de conhecimento. Ministros puseram a culpa na administradora, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A reitoria e a diretoria do próprio museu devolveram a bola aos ministérios, que cortam recursos. “Governos anteriores” foram muito mencionados. No jogo de empurra, sobrou até para os bombeiros. A semana foi passando e ninguém pediu desculpas, ninguém se demitiu, ninguém foi demitido. E provavelmente nem será: o Brasil é o país das tragédias sem culpados e sem punição, uma realidade que torna ainda mais pungente a visão dos escombros destelhados.