Coronavírus: Ameaça aos povos indígenas
Indígenas que moram em cidades, aldeias ou isolados estão vulneráveis à Covid-19
Desde que o primeiro europeu pôs os pés no Brasil, a história de vida dos índios esteve sempre intimamente atrelada a surtos epidêmicos. Foi assim com a varíola, com a malária e com as diferentes cepas de gripe – atalho para a triste e acelerada redução de populações, além, é claro, dos sucessivos processos de ocupação, sinônimo de agressividade e de violência. A pandemia do novo coronavírus, faz, portanto, renascer um medo ancestral e justificado. A fragilidade do sistema de atendimento médico destinado aos índios, vinculada à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) faria pressupor drama — e é o que recente levantamento estatístico comprova. A taxa de mortalidade da Covid-19 entre indígenas (número de óbitos por 100 mil habitantes) é 150% mais alta do que a média brasileira e 19% mais elevada do que a registrada somente na região Norte, a mais crítica entre as cinco regiões do país. Existem no Brasil hoje 900.000 índios, o equivalente a 0,47% da população, divididos entre 305 povos. O socorro negligenciado é apenas a ponta final de uma engrenagem fadada a fazer circular o vírus, dada a proximidade com os centros urbanos e a invasão de áreas protegidas por madeireiros e garimpeiros.