Com a intenção de inibir a ação de criminosos, a Uber e a estatal tecnológica federal Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) firmaram na terça-feira 2, uma parceria com o intuito de monitorar e checar, em tempo real, a veracidade das informações que motoristas enviam para o aplicativo de transporte.
Espera-se com isso verificar a autenticidade de documentos, garantindo a segurança dos passageiros. A tecnologia empregada é a “DataValid”, desenvolvida pela Serpro e que, com a autorização do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), verifica em tempo real as informações da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) dos motoristas interessados em trabalhar para a Uber.
Assim, torna-se possível retirar da plataforma um veículo roubado assim que a polícia notificar o sistema, por exemplo. Hoje, todas essas verificações são feitas a partir de documentos digitalmente fornecidos pelos próprios motoristas e levam tempo para serem concluídas.
As aproximações de empresas de tecnologia com governos têm se mostrado uma tendência global. Nos EUA, desde 2018, a Amazon tem ajudado o FBI e os departamentos de polícia na Flórida na identificação de criminosos foragidos através do seu sistema de identificação facial em câmeras de segurança. Em troca, a empresa acessa um banco de dados de milhões de fotos e aprimora a tecnologia.
Outro caso se deu em Bueno Aires, na Argentina. A empresa de iluminação Signify coleta, desde 2016, dados de movimentação de pedestres e carros nas ruas para gestar a intensidade da iluminação conforme a necessidade. Ajudando na economia de energia, mas com o benefício de poder monitorar a distribuição da rede elétrica da cidade e aprimorar seus serviços.
Na parceria do Uber com o governo, o advogado Renato Opice Blum, presidente da Associação Brasileira de Proteção de Dados, acredita que ao permitir que empresas possam verificar informações por intermédio do governo, é adicionado uma camada extra de segurança para os usuários. “Contanto que outras empresas possam utilizar do mesmo recurso, é uma cooperação benéfica”, concluiu Opice Blum.