O bloqueio do X (ex-Twitter) no Brasil ordenado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), já tem como efeito um pico nas buscas por redes sociais alternativas à plataforma controlada por Elon Musk. Segundo estimativas, o antigo “site do passarinho” conta com cerca de 22 milhões de perfis de usuários brasileiros, o sexto maior público mundial da empresa.
Ao longo da última semana, as pesquisas no Google por aplicativos similares de microblogging (publicações curtas em tempo real) dispararam no Brasil. Neste sábado, 31, segundo a ferramenta de monitoramento Google Trends, as buscas pelas redes Threads, Bluesky e Mastodon atingiram seus ápices de popularidade no período de 12 meses desde agosto do ano passado.
Conheça, a seguir, alguns dos destinos virtuais mais populares entre os brasileiros “refugiados” do X.
Bluesky
Criada em outubro de 2021, a rede social que ostenta uma borboleta como ícone surgiu como um projeto paralelo dentro do X (à época, ainda Twitter). Um dos proprietários da rede, aliás, é o programador norte-americano Jack Dorsey, que ficou bilionário com a criação do Twitter em 2007 e presidiu a plataforma até 2021, às vésperas da venda do controle acionário para Musk. Atualmente, o Bluesky soma cerca de 6,4 milhões de perfis em todo o mundo.
As semelhanças visíveis entre Bluesky e X, desde a interface do usuário até a dinâmica de publicações, curtidas e compartilhamentos, tornam a rede da borboleta imediatamente atraente a quem busca uma experiência similar à do passarinho. O aplicativo estreou oficialmente em fevereiro de 2023 com a americana Jay Graber na posição de CEO — a VEJA, a executiva diz que a plataforma foi desenvolvida para oferecer mais controle de conteúdo ao usuário e que a política do site não tolera discurso de ódio.
Em abril de 2024, quando começaram a escalar os ataques públicos de Musk a Moraes, o Bluesky ganhou notoriedade no Brasil ao receber uma enxurrada de brasileiros insatisfeitos com os comentários do bilionário sul-africano. Naquele mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se tornou o primeiro chefe de Estado do mundo a estrear na rede, seguido por um mutirão de ministros, aliados e apoiadores.
Threads
A “versão” do Twitter desenvolvida pela Meta, que também controla Facebook, Instagram e WhatsApp, recebeu 30 milhões de usuários nas primeiras 24 horas após o lançamento, em julho de 2023. Bem antes da abertura oficial, já havia intensa especulação entre os internautas sobre como se pareceria a rede de microblogging idealizada por Mark Zuckerberg.
Assim como o X, o Threads tem como base a publicação de textos curtos, embora o limite de 500 caracteres — bem superior ao de 280 toques para usuários não-pagantes do X — já transmita a impressão de uma rede focada em diálogos e discussões um pouco mais elaborados do que a rede de Musk. Além disso, a plataforma da Meta permite a publicação de até dez mídias por post (imagens, vídeos ou GIFs), seis a mais do que o X.
A impressão geral de quem usa o Threads é de uma experiência mesclada entre Facebook, Instagram e Twitter. Hoje, pouco mais de um ano após sua estreia, o aplicativo conta com uma base entre 180 e 200 milhões de usuários ativos por mês.
Mastodon
Em relação às outras alternativas ao X, como Bluesky e Threads, o Mastodon é uma opção um tanto mais obscura no Brasil, além de ser mais antiga: seu lançamento inicial ocorreu em 2016, e a estimativa é que o número de usuários gire em torno de 8,6 milhões.
Apesar da interface e usabilidade semelhantes a outras redes de microblogging, o Mastodon se destaca por usar servidores completamente descentralizados. Em termos simples, os usuários do Mastodon têm a liberdade de hospedar suas próprias “versões” do site, com participantes e conteúdo independentes entre si. A plataforma tem código aberto e é gerida por uma organização alemã sem fins lucrativos.
O modelo descentralizado oferece um excelente atrativo aos usuários que priorizam um certo grau de privacidade e autonomia de regras nas redes sociais. No entanto, cada servidor pode impor suas próprias restrições à entrada e limite de participantes, e a criação de um novo “grupo” personalizado exige um alto grau de conhecimento técnico em programação.