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O purgatório da rede: denúncias colocaram Facebook na berlinda em 2021

Frances Haugen, 37 anos, abriu a caixa de Pandora da empresa, que sofreu um apagão de quase sete horas no início de outubro

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h34 - Publicado em 23 dez 2021, 06h00
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  • Criado em 2004, o Facebook tem como uma de suas missões aproximar as pessoas e dar a elas o poder de construir comunidades, tornando assim o mundo mais conectado. Está lá na declaração de propósitos da companhia de Mark Zuckerberg, o prodígio da tecnologia que revolucionou o mundo digital com sua rede social. De certa maneira, a plataforma atingiu seus objetivos. Só que, depois de cerca de quinze anos, se descobriu também que violou a privacidade dos usuários, prejudicou a saúde mental dos adolescentes, promoveu concorrência desleal e até permitiu a incitação de insurreições violentas como a do dia 6 de janeiro, nos Estados Unidos.

    Frances Haugen, 37 anos, abriu a caixa de Pandora da empresa em 2021. A ex-gerente de produto da companhia foi à imprensa americana para revelar, apoiada por documentos, o que já se intuía: o Facebook sempre privilegiou o lucro sobre os interesses e o bem-estar da comunidade de usuários. Convocada ao Congresso, Haugen também testemunhou, entre outros assuntos, sobre como o Instagram, plataforma voltada para fotos e vídeos, igno­rou evidências de que afeta o comportamento e a psiquê dos jovens, especialmente das meninas adolescentes. Depois disso, a engenheira fez uma turnê pela Europa, onde foi recebida como uma verdadeira heroína.

    No meio da crise, o Facebook sofreu um apagão no início de outubro que deixou os 3,5 bilhões de usuários de suas redes sociais e do Whats­App fora do ar por quase sete horas. Coincidência ou não, o incidente atribuído a uma falha técnica que derrubou os servidores abriu caminho para todos os tipos de memes.

    Zuckerberg minimizou tanto as revelações de sua ex-funcionária quanto o desmaio de suas plataformas. E, para criar uma cortina de fumaça, começou uma de suas jogadas mais ambiciosas: a mudança de nome da holding para Meta, com novos logo e programação visual. Segundo ele, a ideia é valorizar o conceito de “metaverso”, um ambiente virtual em que se poderá fazer desde reuniões até festas. A ver o que o futuro nos reserva.

    Publicado em VEJA de 29 de dezembro de 2021, edição nº 2770

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