A inteligência artificial pode representar riscos para a humanidade? Existem dois ângulos para essa questão. O primeiro envolve a possibilidade, extremamente remota, de que a inteligência artificial vai avançar a tal ponto que desenvolverá autoconsciência e, eventualmente, decretará que a espécie humana é inútil e deve ser eliminada. Esse é o mito do Frankenstein da era moderna. O segundo ponto, mais concreto, é o impacto que a tecnologia atual já vai causar.
Qual é a importância da inteligência artificial para a sociedade moderna? As pessoas têm um fascínio enorme por esse tipo de tecnologia. A IA é essencial na economia, e isso é ótimo. Ela ajuda as pessoas a obter resultados rápidos, informações precisas e a agilizar negócios variados. O perigo é perder a distinção entre o real e o simulado, colocando em risco a capacidade de nos relacionarmos.
Que tipo de uso será mais adequado para a inteligência artificial? A IA é útil e necessária, mesmo que tenha implicações para o mercado de trabalho. Por exemplo, com a chegada dos veículos autônomos, o que vai acontecer com os milhões de motoristas de táxi, Uber, de ônibus, e caminhoneiros? Eles vão se tornar obsoletos e as empresas não estão se preocupando muito com isso. Precisamos de uma nova ética corporativa.
Os trabalhadores criativos precisam ter medo da nova tecnologia? Sim. A inteligência artificial não vai substituir o cérebro humano. Isso não ocorrerá. O problema é a perda da nossa identidade se as pessoas começarem a se relacionar cada vez mais com máquinas. É uma consequência do uso desse tipo de tecnologia.
Publicado em VEJA de 12 de abril de 2023, edição nº 2836