Em 1950, os cientistas da Nasa estavam sob pressão da corrida tecnológica impulsionada pela Guerra Fria e buscavam, das formas mais criativas, soluções para criar uma espaçonave capaz de levar o homem até a Lua e, por consequência, vencer a disputa espacial. Aproveitando-se do recente domínio da energia nuclear e da sua popularidade como solução energética, o projeto Orion, da Nasa, tinha como objetivo usar pequenas bombas nucleares para impulsionar um módulo espacial para fora da atmosfera.
Como é de se imaginar, a ideia foi um completo desastre. Os astronautas ficariam de costas para explosões nucleares e ainda voariam em um foguete carregado de material radioativo. Junto disso, decolar uma nave do tipo deixava um rastro de radiação que tornava a tecnologia um problema maior do que a solução que propunha. E, como em muitos projetos da Nasa, os motores de foguetes nucleares logo caíram em desuso, e foi fechado o escritório encarregado de desenvolver a iniciativa.
Mas, aparentemente, a energia nuclear para foguetes, esquecida na metade do século passado, voltou à moda. Desta vez, os engenheiros da Nasa querem criar algo enganosamente mais simples: um motor de foguete alimentado por fissão nuclear. O objetivo do aparato é de ser usado em viagens para Lua e Marte. Em testes feitos no Alabama, nos EUA, durante esta semana, o protótipo se mostrou duas vezes mais eficiente do que os motores químicos que atualmente acionam foguetes.
Contudo, apesar de sua simplicidade conceitual, os reatores de fissão em pequena escala são difíceis de construir e arriscados para operar porque sempre irão produzir resíduos tóxicos. Por isso, um motor nuclear não lançaria um foguete em órbita. Em caso de uma explosão na plataforma de lançamento, o desastre ainda chegaria à escala do de Chernobil.
Em vez disso, a atualização da ideia é de que um foguete comum de propulsão química deva levar uma espaçonave movida a energia nuclear para a órbita, que só então acionaria seu reator nuclear. Assim, livrando o planeta da radiação que emitiriam. A enorme quantidade de energia produzida por esses reatores também poderia ser usada, em um futuro ainda distante, para sustentar postos avançados em outros planetas, e reduzir pela metade o tempo hoje estimado de viagem para Marte.