Indústria nacional de games cresceu oito vezes em dez anos, mostra estudo
Segunda edição da Pesquisa Nacional da Indústria de Games aponta que o número de estúdios saltou de 133 em 2014 para 1042
O Brasil é um grande exportador de talentos na área de games. Profissionais como Rafael Grassetti, que foi diretor de arte de God of War: Ragnarok e hoje trabalha produzindo um título AAA para a Netflix, e Davison Carvalho, diretor de arte de Spider-Man 2, vem abrindo caminhos e mostrando como o trabalho dos brasileiros é reconhecido e valorizado lá fora. A nossa indústria nacional de games, no entanto, ainda é tímida. Mas vem ganhando força gradativamente. É o que mostra a segunda edição da Pesquisa Nacional da Indústria de Games, um estudo desenvolvido pela Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Digitais) em parceria a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos), referente a 2022 e 2023.
O levantamento aponta que houve um crescimento de 3,2% do total de estúdios nacionais, que passou de 1.009, em 2021, para 1.042. Parece pouco, mas em 2014, quando foi feita a primeira análise do segmento, eram apenas 133. Em dez anos, o mercado cresceu quase oito vezes.
É interessante notar que houve um aumento de desenvolvimento de títulos próprios. O Brasil é conhecido como um importante polo de External Development, ou seja, produz por aqui conteúdo para outros mercados. De acordo com Rodrigo Terra, presidente da Abragames, mais de 70% do faturamento dos estúdios brasileiros é oriundo de outros países. “O trabalho feito pelos brasileiros tem atendido demandas internacionais com qualidade e se destacado, entre outros aspectos, pelas questões artística, de engenharia e co-dev”, escreve ele no relatório. Em 2022, no entanto, 93% dos estúdios nacionais desenvolveram propriedade intelectual (PI) própria, o que demonstra maturidade do setor.
Com o aumento de estúdios, também houve um salto de faturamento. Em 2022, foram US$ 256 milhões. A metodologia da pesquisa, no entanto, é diferente do levantamento anterior. Antes, eram consideradas apenas as desenvolvedoras que trabalhavam com foco no mercado consumidor e de entretenimento. Neste ano, passaram a levar em conta também jogos e serviços desenvolvidos para terceiros, títulos educacionais, advergames (os jogos criados para promover marcas) e outras soluções relacionadas. O escopo ficou muito maior e dá ideia da dimensão do mercado, mas o faturamento apresentado agora não pode ser comparado com a edição anterior da pesquisa.
O estudo é ainda mais amplo. Mostra, por exemplo, como a maior parte (56%) dos estúdios está concentrada na região Sudeste, e a região Norte é pouco representada, com apenas 2%. Ou ainda como os homens são maioria (74,2%) do contingente de profissionais do setor. Identifica os motores gráficos preferidos no desenvolvimento dos jogos (Unity, usado por 85% dos estúdios, seguido por Unreal Engine, usado por 25%).