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Empresários e CEOs lucram com ‘lives’ e ‘likes’ nas redes sociais

Antes avessos à exposição, donos de companhias que faturam bilhões viram 'influencers' falando sobre o que todo mundo quer saber: como ficar rico

Por João Batista Jr. Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 dez 2019, 10h58 - Publicado em 6 dez 2019, 06h00

Com 5 000 funcionários e faturamento de 1,7 bilhão de reais previsto para 2019, João Adibe Marques, de 47 anos, dono da farmacêutica Cimed, especializada em remédios e itens de higiene e beleza populares, acorda todos os dias às 5 da manhã, dez minutos depois começa seu treino e, de cima da esteira, realiza a leitura de três jornais. Não demora muito para entrar no batente — e no ar. Seu Instagram, que tem cerca de 150  000 seguidores, é uma espécie de reality show profissional. Fazem parte do conteúdo visitas técnicas a fábricas, reuniões de trabalho e viagens de negócios a bordo de uma de suas aeronaves (o helicóptero AgustaWestland ou o avião Global 6 000 Bombardier). Às vezes, Marques transmite lives às 6h15. “Falo de estratégias de vendas, de metas e de planos futuros”, enumera. Ele começou a se dedicar mais ao Instagram em meados de 2018, antes das últimas eleições, quando notou a falta de gente que falasse sobre como movimentar a economia e desse conselhos sobre carreira. “Há público carente de aprender sobre empreendedorismo e ver exemplos positivos”, entende.

A postura do dono da Cimed e a de outros homens de negócios da nova geração diferem bastante da discrição dos membros mais velhos da elite empresarial do país. Os dez maiores bilionários brasileiros do ranking mais recente da revista americana Forbes, incluindo o número 1 da lista, o empresário Jorge Paulo Lemann, 80, não têm conta pessoal no Instagram. Além de João Adibe Marques, vários empreendedores e grandes executivos mais jovens exibem sua rotina no Instagram com o objetivo de passar suas “experiências”. Apesar das boas intenções, o resultado é desigual. Espécie de pop star do empreendedorismo, com livro e dezenas de palestras no currículo, Tallis Gomes, fundador da Easy Taxi, empresa vendida em 2017 à Cabify, soma 151 000 seguidores. Ele tem uma pegada de autoajuda e posta platitudes. “Você nunca vai mudar o mundo se não conseguir mudar a si mesmo antes” e “Não é o que você sabe que causa problemas, mas o que você não sabe” estão entre os exemplos. Não à toa, à boca pequena, há quem diga que Gomes é o Paulo Coelho dos empreendedores: faz sucesso e tem um currículo de respeito, mas está longe de ser uma unanimidade de crítica.

RODA DA FORTUNA – Birman (no alto), da Arezzo&Co, em reunião de negócios, Rachel Maia, CEO da Lacoste, e Tallis Gomes, fundador da Easy Taxi: posts que mostram muito trabalho mas também um pouco da vida pessoal (@Alebirman; @Rachelomaia; @Tallisgomes/Instagram)

Antes discreto com a vida pessoal, Alexandre Birman estreou no Instagram há três semanas e já soma mais de 22 000 seguidores. CEO da Arezzo&Co, ele controla uma empresa avaliada em 5 bilhões de reais, com itens como bolsas e sapatos finos vendidos em mais de 3 000 pontos de venda pelo mundo. “Sou apaixonado pelo que faço e, se puder compartilhar humildemente meus aprendizados e inspirar pelo exemplo, vou usar todos os canais disponíveis”, diz Birman. Para isso, dá-lhe fotos de reuniões de negócios e vídeos que motivam seu time a bater as metas da Black Friday. Entre as mulheres, nenhuma empreendedora tem a projeção de Rachel Maia, CEO da Lacoste no Brasil. Com 52 000 seguidores, a executiva coordena a grife francesa, presente em 850 multimarcas no país. Ela representa 0,04% do universo de CEOs por ser mulher e negra.

Como tudo o que envolve o mundo virtual, não é só de trabalho que se alimenta uma audiência. Em outras palavras: ganha mesmo muitos seguidores quem expõe sua vida particular e, de alguma forma, comprova com imagens seu sucesso. Rachel mistura posts de itens da marca para a qual trabalha com partidas de tênis e selfies ao lado de celebridades como Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank. Entre um e outro compromisso profissional, Marques, da Cimed, deleita os seguidores com a decoração do quarto de sua filha caçula (o berço imita um balão da Capadócia e os lustres têm formato de nuvens) na mansão onde vive em São Paulo. Muitas vezes, o Instagram substitui o antigo “Pergunte ao presidente”. Os fãs enviam questões sobre negócios e, inevitavelmente, vários pedem emprego em mensagens diretas. Para aumentar o engajamento do público, Marques criou a #2biem20 (isso mesmo: o plano de faturamento da sua empresa em 2020 será de 2 bilhões de reais). “Virei um garoto­-propaganda da marca, e, não raro, os seguidores viram clientes”, conta. Ou seja: a exposição faz bem ao bolso e, claro, também ao ego.

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Publicado em VEJA de 11 de dezembro de 2019, edição nº 2664

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