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‘Desligue o wi-fi das crianças’: a casa falante do Google

Como seria viver em um lar que ouve, responde e obedece?

Por Maria Clara Vieira, de Nova York
Atualizado em 16 out 2019, 10h31 - Publicado em 15 out 2019, 22h26

Imagine acordar em uma terça-feira qualquer com o som de um despertador programado na noite anterior via controle de voz. As mensagens de WhatsApp só serão lidas depois do café da manhã — portanto, o celular permanece desligado. O relógio, na verdade, “mora” em uma pequena caixinha de som feita de tecido reciclável. Do mesmo aparelho, emergem as vozes dos apresentadores do podcast matinal favorito, bem como o lembrete de que, por conta da chuva, o trajeto para o trabalho levará uma hora a mais do que o normal.

Você decide fazer a primeira reunião do dia (outra tarefa enunciada pela caixinha) de casa e, antes de dar início à chamada de vídeo pelo celular, determina por meio de um aplicativo que sua ligação deve ser a prioridade para uso dos dados fornecidos pela rede wi-fi. Fim da reunião, é hora de trancar a casa, apagar as luzes (outro comando de voz captado pelas inúmeras caixinhas espalhadas pelos cômodos) e encarar o trânsito.

Um jantar com os amigos está marcado para depois do expediente. Um lembrete, é claro, é enunciado em alto e bom som, assim que o dono bate a porta de entrada — os aparelhos ouviram tudo e já perceberam que tem alguém em casa. Uma caixinha instalada na parede da cozinha obedece ao pedido pela playlist favorita do Spotify. Ouvir música, cozinhar, checar o Twitter e as últimas notícias não é problema: não é necessário encostar as mãos na tela do celular para pular de faixa, e todas as guias são abertas por comandos de voz. Para ajeitar a sala sem perder a trilha sonora, basta pedir que a música seja reproduzida em outro cômodo.

Caso um dos convidados peça o nome do melhor vinho para a ocasião, a pesquisa no celular também pode ser feita pela fala. Você se lembra, inclusive, que tirou uma foto da bebida durante a viagem na qual a conheceu e pede ao aparelho que envie para o amigo um registro feito interior do Rio Grande do Sul, há dois meses, e que mostra, especificamente, uma garrafa. Convidados, pratos e vinho à mesa, é hora de apresentar os filhos às visitas. Os pequenos estão ocupados demais jogando vídeo game, e a ordem para comparecer à sala de jantar é respondida com um muxoxo. Para resolver o problema, você nem precisa subir as escadas: “Hey Google. Desligue o wi-fi das crianças”.

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A situação descrita pode parecer ficção, mas já é completamente possível. Na última terça-feira, em Nova York, o evento Made By Google, da gigante tecnológica que há muito deixou de ser apenas um site de pesquisa, marcou o anúncio das novidades do ano da empresa, cada vez mais focada na construção de uma casa “pensante” e, claro, cada vez mais conectada. Há traquitanas para todos os gostos: as atualizações abrangem quase todos os hardwares (aparelhos, para os neófitos) do Google.

Tome-se, por exemplo, o Google Home, a caixinha de som inteligente lançada em 2017 — agora revestida de tecido sustentável, com direito à suporte para grudar na parede. O único produto anunciado para o Brasil (com chegada prevista para o fim deste ano) agora atende por Nest Mini e é capaz de ajustar o volume automaticamente de acordo com os ruídos ao redor e pode trabalhar em conjunto com o roteador — o antigo Google Wi-Fi, agora Nest Wi-Fi —, cuja nova versão possui todas as funções da Mini (criar alarmes, listas e eventos, tocar músicas e podcasts de acordo com as preferências do usuário) e pode ser controlada através do aplicativo Google Home.

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Com um sinal duas vezes mais potente, o aparelho permite que o dono crie um sinal extra de internet para convidados, sem a necessidade de compartilhar a senha pessoal. “As pessoas querem chegar em casa e assistir suas séries favoritas sem se preocupar se o wi-fi está falhando, porque há outros aparelhos conectados. Não criamos esses produtos apenas para serem ‘divertidos’. Na prática, toda essa tecnologia serve para melhorar seu tempo livre”, explica o diretor de produtos da linha Nest, Ben Brown. Também é possível priorizar o uso de dados e, sim, desligar o wi-fi das crianças de acordo com uma rotina pré-estabelecida — ou quando for preciso.

Na linha de smartphones, além de uma câmera superpotente, o Pixel 4 (ainda indisponível no Brasil) também traz novidades que tornam tarefas cotidianas mais ágeis e hiperconectadas, inclusive dentro de casa. O Google Assistente — também presente nos outros produtos mencionados — responde a comandos de voz sem ter que se conectar à base de dados da empresa, de modo que a informação é processada dentro do próprio aparelho. O sistema permite que usuário faça pedidos ainda mais específicos, como a busca por fotos no arquivo ou a execução de ações no Google Home — aplicativo através do qual o usuário pode controlar todos os aparelhos mencionados.

Diante da possibilidade de ter uma casa completamente conectada, a imagem da mesa de jantar silenciosa, com todos os presentes a deslizar os dedos por seus celulares parece um pesadelo ainda mais tangível. Para os que se assustam com a ideia, o discurso da empresa é o de que a tecnologia é, sim, capaz de unir. “Nossos produtos são pensados para serem usados em conjunto. Saí a possibilidade de desligar o wi-fi das crianças ou tocar a mesma mensagem para a casa inteira”, diz Mark Space, também da equipe responsável pelos produtos Nest. “Queremos que a tecnologia ajude as pessoas a ficarem mais próximas, não mais distantes”, afirmou o executivo, a VEJA.

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