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Criador do Tumblr quer construir ‘rede do bem’

CEO do serviço, híbrido de rede social e plataforma de blogs, conta como o site tenta inibir ofensas e privilegiar interações construtivas entre usuários

Por Paula Reverbel
10 jun 2012, 07h57

O americano David Karp, de 25 anos, fundou o Tumblr quando tinha apenas 19. Atualmente, o serviço, híbido de rede social e plataforma de blogs, soma 22 bilhões de posts, publicados em 54 milhões de blogs. O desafio de Karp, contudo, não tem sido apenas o de fazer o Tumblr crescer. Ele se esforça também para que o conteúdo postado ali seja criativo e “positivo” – ou seja, o mais livre possível das grosserias e ofensas que revelam o traço intolerante de usuários em outras redes. Pode-se imaginar que a tarefa não é simples. “As grandes redes sociais, depois de ganhar adesão significativa, passam a receber uma grande quantidade de comentários nocivos. Isso aconteceu no MySpace, no YouTube e também no Orkut”, diz Karp. “No Tumblr, odiamos esse tipo de comentário e damos muito valor a interações construtivas.” Na entrevista a seguir, feita durante passagem do executivo pelo país, ele explica como o Tumblr procura incentivar as “boas interações” e fala sobre o potencial da ferramenta entre os usuários brasileiros.

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A versão do Tumblr em português do Brasil só foi lançada em maio. Por que tanta demora? Nós queríamos entender bem esse mercado antes de lançar a versão. O idioma estava na nossa lista havia um ano, mas quando nos preparávamos para a tradução o número de usuários brasileiros deu um salto, atingindo 7 milhões de contas. Rapidamente, vocês se tornaram responsáveis por 10% do nosso tráfego. Em horários de pico, a participação chega a 30%. O Brasil foi o primeiro país a ter funcionários do Tumblr fora dos Estados Unidos, justamente para fazer essa aproximação. Também é a primeira vez que nossa equipe passa uma semana no país para ver se estamos no caminho certo. O aumento da audiência trouxe outras dificuldades. Passamos por instabilidades no site, que caía às vezes. Isso tudo motivou o adiamento da versão em português: não queríamos incentivar um crescimento de audiência se não estávamos dando conta do recado.

Você já elogiou a criatividade dos brasileiros na rede. Em que diferimos de outros países ao usar o serviço? Os brasileiros se interessam por diversos tipos de mídia e por vários gênero de produção – fotografia, vídeo, texto, música, jornalismo, humor, ilustração, animação etc. Vocês também alimentam um grande número de comunidades no Tumblr, que mantêm pontos de vista diversificados. É isso que eu mais gosto no Tumblr hoje em dia: todos parecem estar representados.

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No passado, os brasileiros foram criticados por “invadir” o Orkut e fazer muito barulho por lá. Você teme uma adesão em larga escala de brasileiros ao Tumblr? Nem um pouco. Ainda estou muito impressionado com o conteúdo dos brasileiros e como ele representa perfeitamente a visão que tínhamos do Tumblr desde o começo. O Tumblr mudou muito desde seu lançamento, mas foi construído a partir da ideia de que pessoas podem ter uma identidade on-line da qual se orgulham. Era essa a ideia original: “Publique tudo que quiser e personalize tudo que quiser.” E é isso que os brasileiros estão fazendo – publicam de tudo, deixam os blogs com a cara deles e parecem realmente investir nessa identidade. As pessoas escolhem as roupas que gostam e as músicas que ouvem. O Tumblr é a oportunidade de fazerem isso na internet.

Qual é a capacidade do Tumblr de incentivar a produção de conteúdos de qualidade por seus usuários? Mantemos alguns espaços onde promovemos conteúdos que representem o tipo de comportamento que nós gostamos de ver – positivo, criativo, feito por pessoas que tratam de coisas sobre as quais elas se importam. Desde o início, tivemos medo de atrair conteúdo negativo. As grandes redes sociais, depois de ganhar adesão significativa, passam a receber uma grande quantidade de comentários nocivos – isso aconteceu no MySpace, no YouTube e também no Orkut. O YouTube, apesar de ser um lugar cheio de criatividade, não deixa de ser um ambiente muito hostil. Acho que o Twitter também começa a trilhar esse caminho. É uma pena. Quando você está no Twitter ou no YouTube fazendo o que gosta, é horrível se aparece alguém e o chama de gordo ou idiota. Até nos sites especializados em tecnologia, como o TechCrunch, os comentários são ofensivos. Eu acredito que o design de produto dessas redes permite – e até encoraja – expressões negativas. A minha teoria é que o produto pode incentivar ou desmotivar esse tipo de comportamento.

Que recursos vocês usam para incentivar a “interação construtiva”? Em primeiro lugar, usuários do Tumblr só são habilitados a gostar dos conteúdos que veem (uma espécie de “Curtir” do Facebook) ou a se omitir. Elas não têm a opção de reprovar o que viram, como no YouTube. Além disso, ninguém pode simplesmente aparecer e deixar uma mensagem ofensiva no meu blog: é preciso seguir meu perfil para poder comentar. Se alguém diz alguma coisa negativa a meu respeito, tenho a opção de bloquear essa pessoa. Se, por acaso, esse mesmo usuário apresentar um comentário que valha a pena ser feito, ele pode republicar meu post, tendo controle sobre esse conteúdo. Mas tudo isso acontece no seu espaço: ninguém pode passar pela minha página e deixar uma mensagem maldosa.

Qual é a ideia por trás disso? Toda a sua expressão está atrelada à identidade do seu Tumblr. No serviço, você não é simplesemente alguém comentando em um site, mas, sim, um editor, responsável pela sua página e pelo seu perfil. Além disso, se você não segue meu blog, não é capaz de me enviar mensagens: pode apenas enviar perguntas. É mais difícil ser ofensivo quando você tem que fazer uma pergunta. Nosso sistema exige que você use o ponto de interrogação e, assim, consegue detectar quando um usuário está enviando conteúdo ofensivo ou spam. Essas interações são chamadas de “cartas de fãs”, o que já deixa implícito que o recurso serve como um feedback construtivo.

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Como transformar o Tumblr em um negócio rentável? Acreditamos que podemos fazer progredir uma rede que não se parece em nada com o Twitter ou com o Facebook. Tivemos muita sorte de nos deparar logo de início com investidores que gostam de pensar a longo prazo e que querem construir grandes redes sociais, em vez de acelar o negócio para fazer uma oferta pública de ações. Estamos determinados a provar que o Tumblr, além de ser uma plataforma que incentiva a produção de conteúdos criativos, é um negócio viável. Como recebemos 15 bilhões de visitas por mês, os investidores ficam tranquilos a respeito: todos sabem que podemos ter espaços para anúncios e obter renda com isso. O que estamos tentando fazer, no entanto, é direcionar essa audiência para anúncios sem comprometer o site e tudo o que construímos até agora. Estamos começando a fazer anúncios que apontam para conteúdos, não para produtos ou serviços.

Como isso funciona? Basicamente, sugerimos aos usuários coisas deste tipo: “Se você gosta de tais filmes e de tais músicas, recomendamos que você acesse tais blogs.” As ferramentas que fazem essas recomendações recebem centenas de milhares de visitas por dia e movimentam uma grande quantidade de tráfego. A produtora Lions Gate, por exemplo, já paga pelo recurso para promover o filme Jogos Vorazes.

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