Como a Apple quer recuperar a relevância com os novos óculos Vision Pro
Headset de realidade mista promete testar legado inovador da gigante de tecnologia
Nesta sexta-feira (2), a Apple promete inaugurar uma nova era na interação tecnológica com o aguardado lançamento do headset Vision Pro nos Estados Unidos (ainda sem previsão de chegada ao Brasil), marcando seu maior lançamento desde o Apple Watch, há quase uma década. O dispositivo é o projeto mais audacioso do CEO Tim Cook desde sua ascensão à liderança da empresa, pouco antes da morte de Steve Jobs, e marca a entrada da gigante na chamada “Computação Espacial”.
O Vision Pro, que se assemelha a um par de óculos sofisticados, funciona como um computador pessoal. Ao vesti-lo, o usuário é saudado com ícones de aplicativos “flutuando” ao redor de seu campo de visão, proporcionando uma experiência única de interação. Com uma tela nítida, o dispositivo permite que se assista a conteúdos diversos, jogue e realize tarefas profissionais.
O preço, porém, é o mais elevado para um aparelho da Apple, US$ 3.500 (aproximadamente R$ 17,4 mil), sete vezes superior ao headset Quest, lançado pela Meta no ano passado. Em contrapartida, o Vision Pro oferece uma experiência que promete transitar entre a realidade virtual, onde o usuário imerge no mundo digital, e a realidade aumentada, que sobrepõe imagens ao ambiente real.
A novidade despertou interesse. A pré-venda, iniciada em 19 de janeiro, esgotou os itens em apenas 18 minutos, com aproximadamente 200 mil encomendas antecipadas. Com a estimativa de envio de cerca de 400.000 headsets no primeiro ano, a receita projetada, no entanto, ainda seria modesta, US$ 1,4 bilhão, em comparação com os impressionantes US$ 200 bilhões em vendas do iPhone no ano passado.
Tim Cook expressou otimismo com a criação, afirmando que o Vision Pro é o “dispositivo eletrônico de consumo mais avançado já criado” e que sua interface de usuário revolucionária redefinirá a forma como nos conectamos. A reação menos entusiasmada dos desenvolvedores, porém, também é evidente, resultando em apenas duzentos aplicativos otimizados para o aparelho até o momento, uma fração pequena quando comparada ao 1,8 milhão disponível na App Store.
Embora a Apple tenha investido consideravelmente no desenvolvimento de aplicativos, alguns provedores de conteúdo notáveis, como Netflix, YouTube e Spotify, resistiram, limitando o acesso por meio do navegador. A reação pouco efusiva não impede o funcionamento do novo dispositivo, já que ele é compatível com qualquer aplicativo iOS e iPadOS, mas mostra que poucas empresas realmente se movimentaram para desenvolver uma versão específica para o equipamento.
A gigante da tecnologia parece mirar além do entretenimento, buscando posicionar o Vision Pro como uma ferramenta essencial para o cotidiano das pessoas. Com especificações avançadas e a capacidade de integrar o mundo virtual e o real, o Vision Pro representa uma aposta ousada de Tim Cook, que tem o desafio de criar um produto inovador com apelo de massa, resgatando o legado da Apple. A tentativa é válida, assim como a aposta de que a chamada “computação espacial” transformará a forma como nos relacionamos com o mundo virtual. Resta agora aos consumidores e desenvolvedores determinar se este lançamento se tornará um marco na história da empresa.