Ao infinito e além: 2021 deu início à era do turismo espacial
Bezos e Branson fizeram os primeiros voos suborbitais tripulados por gente (quase) como a gente — a preços que variam de 250 000 a 55 milhões de dólares
O homem comum, enfim, venceu a fronteira final: o espaço. Enquanto as agências governamentais de Estados Unidos, Rússia, China, Índia, União Europeia e Japão ressuscitaram a corrida espacial, a Blue Origin, de Jeff Bezos, e a Virgin Galactic, de sir Richard Branson, deram início à era do turismo no firmamento ao fazer em 2021 os primeiros voos suborbitais tripulados por gente como a gente — ou quase como a gente — a preços que variam de 250 000 a 55 milhões de dólares. Correndo por fora, há ainda a SpaceX, de outro bilionário, Elon Musk, que tem preferido transportar astronautas para a Estação Espacial Internacional, depositar satélites na órbita terrestre ou desviar meteoros.
Na disputa pela primazia da indústria turística espacial, Branson saiu na frente. Em 11 de julho, o bilionário britânico do Grupo Virgin e mais cinco tripulantes — três homens, dois deles pilotos, e duas mulheres — decolaram de uma base no estado americano do Novo México a bordo da Virgin Space Ship Unity. A viagem toda durou apenas cerca de quinze minutos, espaço de tempo no qual os passageiros puderam se divertir com o cenário e a falta de gravidade.
Nove dias depois, foi a vez de Bezos subir aos céus, acompanhado de seu irmão Mark, da pioneira aviadora Wally Funk, de 82 anos, e de Oliver Daemen, de 18 anos, que se tornaram, então, as pessoas mais velha e mais jovem a viajar numa astronave. “Vamos construir uma estrada para o espaço para que nossos filhos e os filhos deles possam construir um futuro”, disse o dono da Amazon à época. “Precisamos fazer isso para resolver os problemas na Terra.”
Nada foi mais simbólico, no entanto, do que o segundo voo da Blue Origin, em outubro, no qual William Shatner, intérprete do capitão James Kirk na clássica série Jornada nas Estrelas, foi um dos quatro tripulantes lançados ao espaço. Foram quatro minutos sobrevoando a Terra, o suficiente para que ele e seus companheiros de missão pudessem vê-la azul em todo o seu esplendor. “É muito importante que todos tenham essa experiência”, disse o ator de 90 anos, agora a pessoa mais velha a fazer uma viagem espacial. “Foi a mais profunda de toda minha vida. Espero que nunca me recupere do que senti há pouco.” Em breve, pessoas como nós repetirão o feito dele.
Publicado em VEJA de 29 de dezembro de 2021, edição nº 2770