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Vacina contra câncer de cérebro tem resultado promissor em ensaio clínico

Imunizante personalizado contra glioblastoma, câncer cerebral agressivo, gerou uma resposta imune significativa, prolongando a sobrevida de quatro pessoas

Por Ligia Moraes Atualizado em 8 Maio 2024, 13h56 - Publicado em 6 Maio 2024, 18h18

Uma nova vacina personalizada contra o glioblastoma – o tipo mais agressivo e fatal de câncer cerebralprolongou a sobrevida de quatro pessoas no primeiro ensaio clínico dessa natureza. Os resultados foram recentemente publicados pela editora científica Press Cell

O candidato a imunizante funciona fornecendo ao sistema imunológico uma forma de “reconhecer” o tumor e, uma vez que equipado com informações vitais, ele se torna capaz de reprogramar as defesas contra as células cancerígenas e, de forma bem sucedida, consegue “atacá-las”. 

Ensaio clínico promissor

No ensaio clínico, quatro pacientes com glioblastoma resistente ao tratamento receberam duas ou quatro doses da vacina. Apenas algumas horas após a administração, os pesquisadores notaram um aumento das proteínas pró-inflamatórias conhecidas por “recrutar”  glóbulos brancos, as células de defesa que ajudam o organismo a combater infecções. Ou seja, isso indica que a  vacina resultou em uma ativação imune significativa e rápida.

Esse impulso inicial ao sistema imunológico também foi associado a efeitos colaterais de curto prazo típicos de uma resposta imune, como náuseas, febre baixa e calafrios, que gradualmente desapareceram até dois dias depois.

Além disso, autores observaram que, em menos de 48 horas, houve mudanças significativas nas configurações dos tumores. Antes da aplicação da vacina, a atuação das células imunes era muito fraca e a resposta do organismo ao tumor era silenciosa. Após a vacina, no entanto, a resposta imune adquiriu um caráter ativo, demonstrando maior atividade das células de defesa do organismo contra o tumor. 

A partir disso, os cientistas concluíram que foram capazes de ativar rapidamente a parte inicial do sistema imunológico contra o glioblastoma, o que é fundamental para desbloquear os efeitos posteriores da resposta imune. 

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Aumento de sobrevida livre de progressão 

Historicamente, pacientes tratados do glioblastoma com quimioterapia, radioterapia e cirurgia podem viver cerca de seis meses, mais ou menos, sem progressão da doença. Com esta nova vacina, todavia, um paciente teve oito meses de sobrevida livre de progressão e outro, nove meses.

Um terceiro paciente viveu por mais nove meses com glioblastoma recorrente. Informações precisas de sobrevida ainda não foram relatadas para o quarto paciente. Normalmente, a sobrevida média para glioblastoma recorrente é de cinco a oito meses.

Os resultados promissores se baseiam em um estudo anterior que testou a vacina em dez cães sofrendo de tumores cerebrais. Atualmente, cachorros com esse diagnóstico terminal e sem outro tratamento têm uma taxa média de sobrevida de 35 dias. Com a vacina, esse número passou para 139 dias.

Desarmando as defesas do tumor 

Uma das partes mais difíceis sobre o tratamento de tumores de glioblastoma é que eles são fortemente protegidos do sistema imunológico. O microambiente tumoral — isto é, as estruturas que interagem com as células cancerígenas e influenciam no comportamento do tumor e sua resposta ao tratamento — do glioblastoma é imunossupressor, o que significa que faz com que as células imunes morram se tentarem atacar o tumor. 

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A nova vacina – que é baseada na mesma tecnologia dos imunizantes contra a Covid-19 — funciona reprogramando esse microambiente usando uma amostra do próprio tumor. Ao pegar o RNA mensageiro (que carrega informações genéticas do DNA) do tumor e introduzi-lo em uma vacina, os pesquisadores podem “ensinar” as células imunes do paciente a contornar o microambiente tumoral. 

Os cientistas explicam que ao mesmo tempo que a vacina alerta o sistema imunológico para um invasor, ela funciona como um agente imunomodulador, alterando o tumor para ser mais facilmente invadido, ou seja, desarmando-o

Próximos passos

Os especialistas agora estão tentando determinar com que frequência e em que dosagem a vacina deve ser administrada para obter bons resultados e níveis de segurança adequados, e quais planos de tratamento combinados funcionam melhor em conjunto ao imunizante. Os resultados positivos também precisarão ser equilibrados com os potenciais negativos para produzir o menor número possível de efeitos adversos.

Por fim, os autores esperam que a nova vacina possa criar um novo paradigma de tratamento para os pacientes com glioblastoma, firmando-se como uma nova tecnologia que permite modular o sistema imunológico. 

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