Um novo estudo divulgado nesta quarta-feira, 13, mostrou que o tratamento com tirzepatida, princípio ativo do medicamento Mounjaro, levou a uma redução do risco de evolução para diabetes tipo 2 em 99% dos pacientes diagnosticados com pré-diabetes e obesidade ou sobrepeso após três anos de injeções semanais. Segundo a farmacêutica Eli Lilly, o ensaio clínico de fase 3 apontou ainda perda média de 22,9% do peso corporal no período.
O estudo SURMOUNT-1, publicado no periódico científico The New England Journal of Medicine (NEJM), foi realizado com 1.032 voluntários que receberam dosagens de 5 mg, 10 mg e 15 mg do medicamento. Os resultados mais expressivos foram com a dose de 15 mg.
“Indivíduos tratados com tirzepatida perderam em média até 23% do seu peso corporal e mantiveram essa perda por mais de três anos, enquanto se beneficiaram de uma redução substancial no risco de desenvolver diabetes tipo 2”, disse, em nota, Ania Jastreboff, diretora do Yale Obesity Research Center. “Em termos absolutos, quase 99% dos indivíduos tratados permaneceram livres de diabetes após 176 semanas”, completou Ania, que classificou os resultados como “impressionantes.”
O ensaio teve entre os autores o endocrinologista Bruno Halpern, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), que destacou a importância do tratamento para a obesidade para conter o avanço do diabetes, ambos problemas de saúde pública em todo o mundo.
“Se antes nosso foco em pessoas com pré-diabetes era evitar o diabetes, agora, podemos ir além, deixando a glicemia em níveis normais. A pré-diabetes não é apenas um fator de risco para diabetes, mas também para outras doenças e complicações, como a própria doença cardiovascular. Houve benefícios não apenas na glicemia mas em diversos outros marcadores de risco”, diz Halpern.
Medicamento foi aprovado no Brasil
O Mounjaro foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em setembro do ano passado para o tratamento de diabetes tipo 2. Embora ainda não seja comercializado no país, ele pode se tornar uma proposta de tratamento preventivo para grupos com predisposição a desenvolver a doença aqui no Brasil.
“Os dados reforçam nosso entusiasmo com relação ao potencial de tirzepatida para tratar uma doença que já afeta mais de 15 milhões de brasileiros, como é o caso do diabetes, e também demonstra um potencial em auxiliar pacientes com obesidade, condição que afeta cerca de 25% da população adulta do país”, disse, em comunicado, Luiz Magno, diretor médico da Eli Lilly do Brasil.
O que é a tirzepatida?
O remédio faz parte de uma nova geração de medicamentos para o tratamento de diabetes tipo 2 que atuam em receptores de hormônios produzidos pelos intestinos, responsáveis pela sensação de saciedade, e demonstraram potencial para levar à perda de peso em pacientes obesos. As drogas agem ainda no metabolismo da glicose e no controle energético no corpo. No caso da tirzepatida, a ação ocorre nos receptores dos hormônios GLP-1 e GIP.