Os suplementos de vitamina D não são capazes de prevenir fraturas e nem melhoram a densidade mineral óssea, independente da dosagem, indica revisão de estudos publicada na revista Lancet Diabetes and Endocrinology. Nos últimos anos, o nutriente tem sido associado a um risco reduzido de diversas condições, como osteoporose e hipertensão, além de manter os ossos mais fortes, uma vez que auxilia o corpo na absorção de cálcio.
No entanto, os pesquisadores afirmam que, baseado nos novos resultados, há poucos motivos para continuar tomando os suplementos, exceto no caso de indivíduos com alto risco de algumas condições raras, como raquitismo e osteomalacia, doença que causa amolecimento dos ossos em decorrência de mineralização anormal e carência de vitamina D. Eles ainda disseram que realizar mais pesquisas sobre os efeitos da vitamina D na saúde dos ossos é inútil.
A pesquisa não descarta a necessidade do nutriente para o funcionamento do corpo, apenas questiona a utilização de suplementos. A vitamina D é produzida naturalmente pelo corpo como resultado da exposição à luz solar. Alimentos como óleo de fígado de bacalhau, gema de ovo e peixes gordurosos, como salmão, por exemplo, também fornecem, porém em menor quantidade.
Dos 81 estudos revisados, a maioria incluía mulheres com idade acima de 65 anos, faixa etária em maior risco de osteoporose (doença que causa fragilidade nos ossos). Entretanto, Alison Avenell, da Universidade de Aberdeen, na Escócia garantiu que não há evidências de benefícios para adultos no geral.
Novas recomendações
Em muitos países, especialmente no Hemisfério Norte, a população não se expõe o suficiente ao sol durante meses mais frios. Por causa disso, autoridades de saúde recomendam a ingestão de suplementos de vitamina D ao longo do inverno. No entanto, Mark Bolland, da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, sugere que essas diretrizes sejam atualizadas e aconselhadas apenas para pacientes mais velhos, como forma de prevenir a osteoporose ou interromper o processo de enfraquecimento ósseo.
Já Martin Hewison, da Universidade de Birmingham, Reino Unido, acredita que a eficiência dos suplementos está atrelada a deficiência em vitamina D. Ou seja, eles são importantes para pessoas com baixa exposição à luz solar e têm uma dieta que não inclui alimentos que fornecem o nutriente — mesmo em baixa quantidade.
Cura para tudo?
Estudo publicado recentemente no periódico científico Nutricional Neuroscience revelou que a vitamina D não ajuda a prevenir Parkinson e Alzheimer. A análise mostrou que não há evidências suficientes que comprovem o potencial preventivo do nutriente contra doenças neurodegenerativas. No entanto, os pesquisadores indicam que a luz solar pode ser capaz de proteger contra a esclerose múltipla, Alzheimer e Parkinson, independente da produção de vitamina D.
Segundo o Comitê Científico-Consultivo em Nutrição do Reino Unido (SACN, na sigla em inglês), acredita-se que a vitamina D também pode ajudar com uma série de problemas de saúde “extra-esqueléticos”, incluindo câncer, doenças cardíacas, pressão alta, doenças infecciosas, funcionamento neuropsicológico, saúde bucal e degeneração macular relacionada à idade. Entretanto, pesquisas mostraram que os benefícios para essas doenças são inconclusivos.
Novos estudos envolvendo cerca de 100.000 participantes visam determinar a real utilidade dos suplementos de vitamina D no organismo e colocar um fim definitivo nas polêmicas envolvendo os suplementos a base do nutriente.
Diretrizes atuais
O serviço de saúde britânico prefere manter as diretrizes iniciais de aconselhar a ingestão de suplementos já que um quinto das pessoas no Reino Unido apresentam níveis preocupantes da vitamina. “O conselho do governo é obter o nutriente através da luz do sol e dieta saudável e equilibrada no verão e na primavera. Durante outono e inverno, aqueles que não consomem alimentos contendo ou fortificados com vitamina D devem considerar 10 microgramas do suplemento”, recomendou Louis Levy, da Public Health England, ao The Guardian.