O governo do estado de São Paulo decidiu liberar os municípios a aplicarem a segunda dose da vacina contra Covid-19 da Pfizer-BioNTech em gestantes e puérperas que tomaram a primeira dose de Oxford-AstraZeneca. “A partir do dia 23, sexta-feira, todas aquelas gestantes, que receberam a primeira dose da vacina com a AstraZeneca […] podem ser vacinadas com a segunda dose da Pfizer”, disse a coordenadora geral do Programa Estadual de Imunização, Regiane De Paula.
A decisão, segundo Regiane, ocorreu após uma deliberação bipartite publicada nesta manhã. Ela se refere a um posicionamento da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp) que recomenda a disponibilização “para todas as mulheres que estejam gestantes ou puérperas no estado de São Paulo, e que receberam a primeira dose da vacina contra Covid-19 Oxford/AstraZeneca, a possibilidade de completar seu esquema vacinal com a Pfizer Biontech (Cominarty) ou, na indisponibilidade desta, com a vacina Butantan/Sinovac (CoronaVac), a ser administrada em intervalo de no mínimo 8 semanas após a primeira dose”.
A recomendação é baseada em dados que apontam para um expressivo aumento da mortalidade materna no Brasil por Covid-19 associado a um estudo que mostra que a utilização da vacina de Oxford-AstraZeneca seguida da vacina da Pfizer-BioNTech resultou em boa imunogenicidade e poucos efeitos colaterais. A Sogesp cita também a ausência de evidências de que seja seguro e eficaz aguardar mais de dez meses para o recebimento da segunda dose da vacina de Oxford-AstraZeneca, principalmente diante da circulação da variante Delta.
Essa última justificativa é referência à orientação atual do Ministério da Saúde, de que gestantes e puérperas que receberam a primeira dose da vacina da AstraZeneca, antes da interrupção de sua aplicação nesse público no país, devem esperar até o fim da gestação e puerpério para receberem a segunda dose da mesma vacina. De acordo com a pasta, evidências mostram que uma dose da vacina já confere proteção razoável contra a doença. Além disso, um estudo recente feito pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostrou que tomar a segunda dose um ano após a primeira confere taxas de anticorpos mais altos do que após o intervalo atual, de 12 semanas.
A orientação do governo estadual é que a gestante ou puérpera volte à unidade de saúde onde recebeu a primeira dose da vacina da AstraZeneca no prazo orientado inicialmente para a aplicação da segunda dose. A diferença é que neste caso, ela irá receber a vacina da Pfizer, em vez da AstraZeneca, já que o intervalo recomendado pelo Ministério da Saúde entre as doses destes imunizantes é o mesmo, de 12 semanas.
Atraso na segunda dose
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informou na terça-feira, 20, que 642.000 pessoas não retornaram aos postos para tomar a segunda dose da vacina contra Covid-19 e completar o esquema de imunização. O número corresponde a um aumento de 168% de faltosos desde o começo deste mês.
Do total, 284,4 mil precisam completar o esquema com a CoronaVac, vacina do Instituto Butantan, e 357,6 mil com o imunizante de Oxford-AstraZeneca. Três semanas atrás, o balanço era de 239,2 mil ausentes, somando respectivamente 179,7 mil e 59,5 mil pendentes de cada imunizante citado.
“Cada pessoa só fica totalmente protegida após tomar duas doses dos imunizantes que preveem este tipo de esquema vacinal. Por isso, é fundamental conferir a carteira de imunização e voltar ao posto para tomar a segunda dose mesmo que já tenha sido ultrapassado”, alertou a coordenadora do Programa Estadual de Imunização.
O esquema vacinal completo de imunização contra Covid-19 com a CoronaVac prevê duas doses, com intervalo de 28 dias entre elas. As vacinas de Oxford-AstraZeneca (Fiocruz) e Pfizer-BioNTech também demandam duas doses, mas com 12 semanas de intervalo. Atualmente, apenas o esquema vacinal da Janssen prevê apenas uma dose.
Nova entrega do Butantan
Na manhã desta quarta-feira, 21, o Instituto Butantan entregou 1,5 milhão de doses da CoronaVac ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde. É a segunda entrega da semana. Na segunda-feira, 19, foram disponibilizadas 1 milhão de doses.
Essas novas entregas, iniciadas há uma semana, são referentes à produção de um novo lote de 10 milhões de doses processadas a partir dos 6.00- litros de ingrediente farmacêutico ativo (IFA) recebidos no dia 26 de junho. As vacinas liberadas fazem parte do segundo contrato firmado com o Ministério da Saúde, de 54 milhões de vacinas.